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Irã ameaça aumentar nível de enriquecimento de urânio se Europa não agir

15.fev.2018 - O presidente iraniano Hassan Rouhani - Danish/Reuters
15.fev.2018 - O presidente iraniano Hassan Rouhani Imagem: Danish/Reuters

03/07/2019 08h30

O presidente do Irã, Hassan Rohani, advertiu hoje que, se os países europeus signatários do acordo nuclear não tomarem medidas práticas a respeito de seus compromissos no pacto, o Irã elevará, a partir de 7 de julho, o nível de enriquecimento do seu urânio.

"Em 7 de julho, o nível de enriquecimento do Irã já não será de 3,67%; este compromisso será deixado de lado e se aumentará ao nível até o que necessitemos", disse Rohani em uma reunião com seu gabinete de ministros, segundo o site oficial da presidência.

A partir desse dia, "se as outras partes não cumprirem com todas suas obrigações, o reator de Arak voltará às condições anteriores, que segundo eles eram perigosas e poderiam produzir plutônio, a menos que cumpram todas suas obrigações a respeito do reator de Arak", explicou o presidente iraniano.

O Irã e seis grandes potências mundiais (França, Reino Unido, Alemanha, China, Rússia e EUA) alcançaram um histórico acordo em 2015 pelo qual Teerã deveria limitar seu programa nuclear para não poder desenvolver no curto prazo uma bomba atômica, em troca de facilidades econômicas e comerciais.

Estas se encontraram agora em interdição depois que, em maio de 2018, os EUA se retiraram unilateralmente do pacto, que boicotaram com a imposição de severas sanções econômicas ao regime de Teerã, apesar da tentativa dos países europeus de manter o acordo.

Rohani afirmou que o Irã foi muito paciente em dar um ano de tempo, após a retirada dos EUA, para que os europeus executassem seus compromissos.

"Os negociadores do JCPOA (sigla em inglês do Plano Integral de Ação Conjunta, nome oficial acordo) não cumprem seus compromissos, mas a respeito do Irã sempre têm objeções", lamentou.

O Apoio à Troca Comercial (Instex, na sigla em inglês), um mecanismo criado pelos países europeus para contornar as sanções dos EUA e manter a troca comercial, é uma medida vazia que "não serve para nada", segundo Rohani.

"Se algum dia for ativado e o dinheiro da venda do petróleo do Irã chegar ao país por meio dessa medida, podemos aceitá-lo, até certo ponto, apesar das suas desvantagens", acrescentou.

Na reunião, Rohani também se referiu às autoridades americanas: "Começaram a brincar com fogo na região há já um ano, mas enquanto tentam aumentar a tensão dizem que brincar com fogo é perigoso, e apagar esse fogo só é possível com o retorno às obrigações e aos compromissos da ONU".

Diante das últimas sanções de Washington, o Irã tinha dado um ultimato aos demais signatários do pacto, especialmente aos europeus: ou lhe ofereciam soluções e ajudas que compensassem as sanções de Washington, ou começaria a não cumpri-lo pouco a pouco.

Por fim, o presidente iraniano esclareceu que, se a outra parte cumprir seus compromissos, o fato de voltar a uma reserva menor às 130 toneladas, mencionada no acordo nuclear, será apenas questão de dias.