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Ruas de Hong Kong se tornam campo de batalha no 70º aniversário da China comunista

Polícia reprime com violência um protesto em Hong Kong durante as comemorações do 70º aniversário da República Popular da China - Anthony Wallace/AFP
Polícia reprime com violência um protesto em Hong Kong durante as comemorações do 70º aniversário da República Popular da China Imagem: Anthony Wallace/AFP

Por Jessie Pang e Donny Kwok

Em Hong Kong

01/10/2019 08h46

A polícia de Hong Kong disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes pró-democracia que lançaram bombas incendiárias em ruas do polo financeiro asiático hoje, dia em que seus governantes chineses comemoram o 70º aniversário da fundação da República Popular.

Verdadeiras batalhas de espalharam do distrito elegante de Causeway Bay ao Almirantado, área de escritórios do governo localizada na ilha de Hong Kong. A violência também se intensificou em todo o porto até Kowloon e para além dos Novos Territórios, nos tumultos mais abrangentes em quase quatro meses.

O jornal "South China Morning Post" e reportagens de televisão disseram que ao menos uma pessoa foi ferida no peito por policiais que usaram munição verdadeira. A polícia não respondeu a pedidos de comentário, mas disse ter disparado munição verdadeira para o alto em confrontos anteriores.

Imagens de vídeo de um policial baleando um manifestante à queima-roupa viralizaram, mas não surgiu nenhuma verificação imediata de sua autenticidade.

Ao menos 15 pessoas ficaram feridas em todo o território, uma delas em estado grave, disse a Autoridade Hospitalar, sem dar detalhes.

A polícia usou canhões de água e vários cilindros de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que atiravam coquetéis molotov diante de escritórios do governo central na área do Almirantado e ordenou o esvaziamento do edifício do Conselho Legislativo logo ao lado.

A corporação disse que "arruaceiros" usaram fluído corrosivo em Tuen Mun, a oeste dos Novos Territórios, "ferindo diversos policiais e repórteres". Não havia detalhes disponíveis de imediato.

O território está tenso há semanas, e os protestos têm sido frequentemente violentos. As autoridades tentavam evitar que ativistas estragassem o desfile de aniversário de Pequim no momento em que o governo central está às voltas com uma guerra comercial entre Estados Unidos e China e uma economia que perde força.

À tarde, policiais e manifestantes enfrentavam impasses em toda Hong Kong, e as ruas estavam repletas de cilindros de gás lacrimogêneo e destroços. Quase quatro meses de confrontos de rua e manifestações mergulharam a ex-colônia britânica em sua pior crise política em décadas, e representam o desafio popular mais sério ao presidente chinês, Xi Jinping, desde que ele tomou posse.

Mais cedo, milhares de manifestantes vestidos de preto, alguns com máscaras de Guy Fawkes, marcharam de Causeway Bay à sede do governo no Almirantado, desafiando uma proibição a um protesto.

(Reportagem adicional de Sharon Tam, Poppy McPherson, Anne Marie Roantree, Farah Master, James Pomfret, Twinnie Siu, Alun John, David Kirton, Jennifer Hughes e Keith Zhai)