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Coronavírus se agrava na América Latina; mortes passam de 100 mil

Paciente com coronavírus em UTI de hospital em São Paulo (SP) - Amanda Perobelli
Paciente com coronavírus em UTI de hospital em São Paulo (SP) Imagem: Amanda Perobelli

De Drazen Jorgic

Na Cidade do México (México)

24/06/2020 08h50

O número de mortos pela pandemia do novo coronavírus na América Latina passou de 100 mil ontem, de acordo com uma contagem da Reuters, e há poucos sinais de que o surto está diminuindo em uma região caracterizada por cidades superpovoadas e índices altos de pobreza.

A América Latina testemunhou um salto alarmante de casos e mortes no momento em que a onda de infecções recua na Europa e em partes da Ásia. O número de infecções, que está em 2,2 milhões, dobrou em menos de um mês.

O Brasil, a maior e mais populosa nação sul-americana, se tornou nesta semana o segundo país do mundo a atingir a marca de 50 mil mortes, só atrás dos Estados Unidos. Ontem, o México registrou um novo recorde diário de infecções confirmadas.

A verdadeira escala dos danos do coronavírus na América Latina provavelmente é muito maior, dizem especialistas, já que países de toda a região não implantaram programas rigorosos de exames.

Muitas autoridades reconhecem que o número de mortes provavelmente é muito superior.

Hugo López-Gatell, vice-ministro da Saúde mexicano a cargo do combate nacional ao coronavírus, admitiu na terça-feira que sua nação terá uma batalha longa pela frente.

"Precisamos aprender a viver com o vírus SARS-CoV-2 e incorporar práticas de higiene e prevenção permanentemente à nova realidade", disse López-Gatell, fazendo um apelo para a sociedade mexicana se adaptar à ameaça.

Como se não bastassem os sistemas de saúde claudicantes de muitos países da região, a batalha da América Latina contra o vírus é agravada pela pobreza abrangente, e muitos trabalhadores mal sobrevivem no setor informal, o que dificulta os esforços de quarentena.

Os líderes dos pesos-pesados regionais Brasil e México também vêm sendo criticados por não levar o vírus suficientemente a sério e por pressionarem por uma reativação das economias antes de o vírus ter sido controlado.

Ainda na terça-feira, um juiz federal ordenou que o presidente Jair Bolsonaro use máscaras em público —ele participou de vários eventos políticos de rosto descoberto em meio ao segundo maior surto do mundo.

No mesmo dia, o Brasil registrou 39.436 casos novos e mais 1.374 mortes decorrentes do vírus, o que eleva a 52 mil o total de mortos da pandemia na maior economia latino-americana.