Novo teste positivo frustra retomada de viagens e agenda positiva de Bolsonaro
O novo resultado positivo do exame de coronavírus frustrou os planos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de retomar as atividades normais e tentar mostrar que o governo está trabalhando, a começar por uma série de viagens programadas para as próximas semanas.
Esse foi o terceiro teste que o presidente fez desde que foi diagnosticado com a doença, em 7 de julho. O próprio Bolsonaro afirmou, ao anunciar o primeiro resultado positivo, que esperava estar de volta ao trabalho em uma semana. A informação do Palácio do Planalto é que, mesmo se sentindo bem, o presidente só voltará às atividades presenciais quando não tiver mais o vírus ativo.
Isolado no Palácio da Alvorada desde o dia 7 de julho, o presidente contava com um resultado negativo para o vírus nesse terceiro exame para pôr na rua uma sequência de viagens, como ele mesmo anunciou a apoiadores ontem.
A primeira, segundo o próprio presidente, seria para o Piauí, na sexta-feira (24). A intenção era visitar a Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, um dos mais importantes sítios arqueológicos do país. A viagem, no entanto, não tinha nem mesmo sido planejada oficialmente.
Bolsonaro também pretendia inaugurar uma adutora que capta água do Rio São Francisco, na Bahia, anunciada quando foi ao Ceará para a inauguração de um trecho da transposição do rio São Francisco. Em sua última live, disse ainda que pretendia ir "dar uma volta no Vale da Ribeira (SP)" e inaugurar uma ponte recuperada.
"Vamos voltar ao Nordeste todo. Já falei, duas vezes por semana vamos inaugurar obras. Inaugurar não é para ir lá aparecer, é para mostrar o que está fazendo. Porque se depender da mídia local você não aparece", disse Bolsonaro em sua última live pelas redes sociais.
A ideia das viagens era, dentro do governo, colocar uma pauta positiva nas ruas, depois de vários dias de afastamento do presidente e de meses tumultuados com conflitos constantes com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Aconselhado por seus ministros mais próximos, Bolsonaro baixou o tom, especialmente depois da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, seu filho, em uma casa de um advogado da família, Frederick Wassef, em Atibaia (SP). A prisão levou a crise da investigação das rachadinhas que envolve Flávio e Queiroz para dentro do Palácio do Planalto. A ordem foi, então, abafar a crise.
Diagnosticado com covid-19 no dia 7 de julho, o isolamento do presidente tem ajudado a baixar a fervura da crise. Bolsonaro pouco tem falado nas últimas duas semanas e, quando uma nova crise despontou com as críticas do ministro Gilmar Mendes à resposta do governo à epidemia do novo coronavírus e ao envolvimento dos militares com o Ministério da Saúde, o próprio presidente pediu que se baixasse o tom.
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