Cientista russo por trás de vacina contra covid-19 defende lançamento "de tempos de guerra"
A Rússia planeja compartilhar resultados preliminares de seu teste de vacina contra Covid-19 com base nas seis primeiras semanas de monitoramento dos participantes, acelerando o passo de uma corrida global já frenética para acabar com a pandemia.
Alexander Gintsburg, chefe do Instituto Gamaleya, que produziu a vacina Sputnik V, disse à Reuters que o ritmo de seu desenvolvimento foi necessário nas condições "de tempos de guerra" de uma pandemia, mas que não se está pulando etapas.
A Rússia leva sua vacina contra Covid-19 em potencial adiante em velocidade máxima, realizando vacinações públicas em massa ao mesmo tempo que seu principal teste com humanos —o que fez alguns observadores recearem que o país está priorizando o prestígio nacional em detrimento da segurança e de provas científicas robustas.
"As pessoas estão morrendo exatamente como em uma guerra", disse Gintsburg segurando um modelo de cristal do coronavírus na mão. "Mas este ritmo acelerado não é sinônimo, como parte da mídia insinuou, de pular etapas. De jeito nenhum."
Gintsburg ainda disse que sua equipe recebeu um cronograma apertado para produzir uma vacina, mas que todas as diretrizes para testar a segurança e a eficiência da Sputnik V foram seguidas.
Tendo um plano de publicar os resultados provisórios nos 42 primeiros dias de monitoramento dos voluntários, a Rússia tem uma chance grande de se tornar o primeiro país do mundo a anunciar qualquer dado de um teste de estágio avançado.
O primeiro dos 5 mil voluntários foi vacinado no dia 9 de setembro, o que significa que os resultados provisórios podem ser divulgados em algum momento antes de 21 de outubro. O fundo soberano russo, que investiu no lançamento da vacina, disse que espera a publicação de resultados preliminares em outubro ou novembro.
Vários desenvolvedores de vacina ocidentais estão realizando testes de estágio avançado que já transcorrem há mais de 42 dias, mas não publicaram quaisquer resultados provisórios.
As farmacêuticas têm dito que esperariam até terem infecções suficientes para fazer uma avaliação confiável dos dados antes da publicação, ao invés de designar uma data específica.
Gintsburg disse que, até agora, nenhum efeito colateral grave foi relatado durante o teste de estágio avançado e que efeitos colaterais menores e já esperados ocorreram em somente 14% a 15% dos voluntários. Um quarto dos participantes recebeu um placebo.
As farmacêuticas também prometeram que seus testes clínicos amplos incluiriam uma gama diversificada de voluntários em termos de raça, etnia, gênero, idade e outros fatores.
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