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Em rara mensagem conjunta, principais comandantes militares dos EUA condenam invasão do Capitólio

Manifestantes pró-Trump contidos com bombas de gás ao invadirem o Congresso dos EUA - SAUL LOEB/AFP
Manifestantes pró-Trump contidos com bombas de gás ao invadirem o Congresso dos EUA Imagem: SAUL LOEB/AFP

Idrees Ali

12/01/2021 20h20

WASHINGTON (Reuters) - O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos, a liderança unificada de todos os comandantes das Forças militares do país, publicou nesta terça-feira uma rara mensagem às tropas dizendo que os violentos tumultos da semana passada foram contra a lei e representaram uma agressão ao processo constitucional norte-americano.

A mensagem em conjunto rompeu quase uma semana de silêncio dos líderes militares após o ataque ao Capitólio por apoiadores do presidente Donald Trump, no qual parlamentares foram obrigados a se esconder e cinco pessoas morreram.

Embora uma série de membros do gabinete de Trump, incluindo o secretário de Defesa, Chris Miller, tenham condenado a invasão, o principal general dos EUA, o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, estava em silêncio até agora.

"A violenta revolta em Washington no dia 6 de janeiro de 2021 foi uma agressão direta ao Congresso dos EUA, ao prédio do Capitólio e ao nosso processo constitucional", afirmaram os sete generais e um almirante em um memorando interno direcionado às tropas, acrescentando que as forças militares continuavam comprometidas com a proteção e com a defesa da Constituição.

"Os direitos de liberdade de expressão e reunião não dão a ninguém o direito de recorrer à violência, sedição e insurreição", diz o memorando, que foi visto pela Reuters.

Os líderes militares disseram que o presidente eleito Joe Biden será empossado no dia 20 de janeiro e se tornará seu novo comandante.

"Qualquer ato para interromper o processo constitucional não é apenas contra as nossas tradições, valores e juramentos; é contra a lei".

Autoridades dos EUA disseram que Milley não havia comentado sobre os eventos da semana passada pois queria ficar de fora da política.

O silêncio contrasta fortemente com o que aconteceu em junho, quando Milley caminhou ao lado de Trump até uma igreja após forças policiais apoiadas por tropas da Guarda Nacional usarem balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes pacíficos para liberar a área.

Alguns militares expressaram em particular temores com o fato de que os líderes não ofereceram direções após o ataque à democracia norte-americana na quarta-feira.

Há também um foco renovado sobre o extremismo dentro das forças militares dos EUA após a invasão do Capitólio, uma vez que uma grande proporção de seus membros é formada por homens brancos.

O Exército informou à Reuters na terça-feira que estava trabalhando com o FBI para ver se algum dos invasores do Capitólio era militar e com o Serviço Secreto para determinar se algum dos 10 mil militares da Guarda Nacional que farão a segurança da posse de Biden precisa de triagem adicional.