Mais de 200 mil fogem de conflito 'apocalíptico' na República Centro-Africana
Mais de 200 mil pessoas já fugiram dos combates na República Centro-Africana (CAR) desde que a violência irrompeu em reação ao resultado de uma eleição de dezembro, informou nesta sexta-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), e quase metade cruzou para a República Democrática do Congo.
O Exército da CAR, que tem apoio de tropas da Organização das Nações Unidas (ONU), da Rússia e de Ruanda, está combatendo rebeldes que tentam reverter o desfecho da votação de 27 de dezembro, na qual o presidente, Faustin-Archange Touadera, foi declarado vencedor.
"Refugiados disseram ao Acnur que fugiram em pânico quando ouviram tiros, deixando os pertences para trás", disse o porta-voz Boris Cheshirkov a jornalistas em Genebra.
A nação de quase 6 milhões de pessoas, maior do que a França continental, a Bélgica e Luxemburgo combinadas e rica em diamantes, madeira e ouro, tem dificuldade para se estabilizar desde que uma rebelião de 2013 depôs o ex-presidente François Bozizé.
O embate atual entre uma coalizão de milícias, de um lado, e o Exército nacional e seus apoiadores, de outro, foi provocado por uma decisão do Tribunal Constitucional de barrar a candidatura de Bozizé na eleição presidencial do final do ano passado.
O ex-primeiro-ministro Martin Ziguélé, que ficou em terceiro na eleição de 21 de dezembro, disse nesta sexta-feira que há combates em todo o país todos os dias, o que impede a movimentação entre cidades e leva mais pessoas fugirem, e que o toque de recolher e o estado de emergência criam uma "situação apocalíptica".
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