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Novo governo de Israel não consegue renovar lei de cidadania contestada

29.jun.2021 - O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid (esquerda), encontra-se com o ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos, Ahmed al-Sayegh, em Abu Dhabi (EAU) - Shlomi Amsalem/Governo de Israel/AFP
29.jun.2021 - O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid (esquerda), encontra-se com o ministro de Estado dos Emirados Árabes Unidos, Ahmed al-Sayegh, em Abu Dhabi (EAU) Imagem: Shlomi Amsalem/Governo de Israel/AFP

Ari Rabinovitch, Rami Ayyub, Dan Williams e Ali Sawafta

Da Reuters, em Jerusalém

06/07/2021 12h01Atualizada em 06/07/2021 13h13

O Parlamento de Israel não conseguiu renovar nesta terça-feira uma lei contestada que impede a concessão de cidadania ou residência a palestinos da Cisjordânia ocupada ou de Gaza que são casados com cidadãos israelenses, um golpe na nova coalizão de governo.

Uma votação ocorrida de manhã no Knesset terminou empatada em 59 votos, ficando aquém da maioria simples necessária para prorrogar a lei de 2003, que vence à meia-noite. O primeiro-ministro Naftali Bennett classificou a votação como "um golpe premeditado e direto à segurança nacional".

A votação ressalta os desafios que o ultranacionalista Bennett já começa a enfrentar para administrar sua coalizão ideologicamente diversificada, que tomou posse no mês passado e inclui partidos de esquerda e uma facção árabe islâmica.

Dois membros da Lista Árabe Unida se abstiveram e, na tentativa de constranger Bennett, o ex-premiê Benjamin Netanyahu e membros de seu partido de direita Likud, que apoiaram o projeto de lei no passado, votaram contra ele, além de um parlamentar da própria facção Yamina de Bennett.

Israel aprovou a lei, uma regulamentação temporária, no auge de um levante palestino. A maioria de seus defensores diz que ela ajuda a garantir a segurança de Israel, enquanto outros dizem que ela mantém o "caráter judeu" do país. Ela vinha sendo prorrogada anualmente desde 2003.

Mas críticos dizem que ela discrimina a minoria árabe de 21% de Israel — que são palestinos por herança e israelenses por cidadania — ao impedi-la de estender os direitos de cidadania e residência permanente a cônjuges palestinos. As exceções são concedidas caso a caso.

"Estou casada há 26 anos e tenho que renovar minha residência temporária anualmente", disse Asmahan Jabali, palestina casada com um homem de Taybeh, um vilarejo árabe no centro de Israel.

Jabali, que coordena uma campanha contra a lei, estima que dezenas de milhares de famílias estão em situações semelhantes.

"Esta é uma vitória temporária, mas é só o começo".

Prometendo "consertar" a situação, Bennett disse nesta terça-feira que Netanyahu e outros escolheram "a política mesquinha à custa do bem dos cidadãos de Israel, e deverão um longo acerto de contas aos cidadãos de Israel por suas ações".