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China começa a investigar manifestantes de atos contra política de covid zero

Estudantes em Hong Kong seguram papeis em branco como forma de protesto contra a censura na China, bem como contra a política de covid-zero do país - WILLIAM WEST/AFP
Estudantes em Hong Kong seguram papeis em branco como forma de protesto contra a censura na China, bem como contra a política de covid-zero do país Imagem: WILLIAM WEST/AFP

Martin Quin Pollard e Eduardo Baptista

29/11/2022 08h32Atualizada em 29/11/2022 14h08

As autoridades chinesas começaram a investigar algumas das pessoas que se reuniram nos protestos do fim de semana contra as restrições da covid-19, disseram à Reuters pessoas que estavam nas manifestações de Pequim, enquanto a polícia permanecia em grande número nas ruas da cidade.

Dois manifestantes disseram à Reuters que pessoas que ligaram se identificando como policiais de Pequim pediram que se apresentassem a uma delegacia na terça-feira com relatos por escrito de suas atividades na noite de domingo. Um aluno também contou que foi questionado por sua faculdade se esteve em uma área onde ocorreu um protesto e para fornecer um relato por escrito.

"Estamos todos deletando desesperadamente nosso histórico de conversa", afirmou outra pessoa que testemunhou o protesto em Pequim e pediu para não ser identificada. A pessoa disse que a polícia perguntou como eles souberam do protesto e qual era o motivo do comparecimento.

Não ficou claro como as autoridades identificaram as pessoas para questionar sobre sua participação nos protestos, e também não ficou claro quantas dessas pessoas as autoridades pretendiam questionar.

O Departamento de Segurança Pública de Pequim não respondeu a um pedido de comentário. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que direitos e liberdades devem ser exercidos dentro da estrutura da lei.

O descontentamento fervilhante com as rígidas políticas de prevenção da covid, três anos após o início da pandemia, gerou protestos em cidades a milhares de quilômetros de distância no fim de semana.

A maior onda de desobediência civil na China continental desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder há uma década ocorre quando o número de casos de covid atinge recordes diários e grandes partes de várias cidades enfrentam novos lockdowns.

Uma autoridade de saúde disse que as reclamações sobre os controles da covid eram principalmente sobre sua implementação inflexível.

"Os problemas destacados pelo público não visam a prevenção e controle da epidemia em si, mas se concentram na simplificação das medidas de prevenção e controle", disse Cheng Youquan a repórteres, acrescentando que as autoridades abordariam questões urgentes.

A covid tem se espalhado apesar da China se isolar amplamente do mundo e exigir sacrifícios significativos de sua população para cumprir testes frequentes e isolamento prolongado.

Os lockdowns exacerbaram uma das desacelerações mais acentuadas no crescimento que a China sofreu em décadas, interrompendo as cadeias de suprimentos globais e agitando os mercados financeiros.

As ações chinesas e o iuan subiram com os investidores apostando que os sinais de descontentamento civil poderiam levar a uma flexibilização das restrições.

Os planos para aumentar a taxa de vacinação entre os idosos também ajudaram a elevar o ânimo do mercado.