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Crítico de Putin é condenado a 25 anos de prisão por traição

Político recebeu sentença mais severa desde a invasão na Ucrânia depois de ser considerado culpado de traição e outros crimes que ele nega. - BRENDAN SMIALOWSKI/AFP
Político recebeu sentença mais severa desde a invasão na Ucrânia depois de ser considerado culpado de traição e outros crimes que ele nega. Imagem: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

Andrew Osborn

Em Moscou, Rússia

17/04/2023 09h57

O crítico do Kremlin Vladimir Kara-Murza foi condenado a 25 anos de prisão por um tribunal de Moscou nesta segunda-feira, a sentença mais severa desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, depois de ser considerado culpado de traição e outros crimes que ele nega ter cometido.

Kara-Murza, de 41 anos, pai de três filhos e um político da oposição que possui passaportes russo e britânico, passou anos se manifestando contra o presidente Vladimir Putin e pressionou governos ocidentais a impor sanções à Rússia e a russos individualmente por supostas violações de direitos humanos.

Os promotores, que pediram uma pena de 25 anos, o acusaram de traição, entre outros crimes, e de desacreditar os militares russos depois de espalhar "informações sabidamente falsas" sobre sua conduta no que Moscou chama de "operação militar especial" na Ucrânia.

Em uma entrevista à CNN transmitida horas antes de sua prisão, Kara-Murza, cuja casa familiar fica em Washington, alegou que a Rússia é governada por um "regime de assassinos". Ele também usou discursos nos Estados Unidos e na Europa para acusar a Rússia de bombardear civis na Ucrânia, uma acusação que Moscou rejeita.

Depois de ouvir que foi condenado a passar os próximos 25 anos em uma colônia penal de segurança máxima, Kara-Murza disse que "a Rússia será livre", um conhecido slogan da oposição.

Ele também sorriu e — segundo uma de suas advogadas, Maria Eismont — afirmou que considerava a dura sentença um reconhecimento por seu efetivo trabalho como político de oposição.

Em seu discurso final ao tribunal na semana passada, Kara-Murza comparou seu julgamento, realizado a portas fechadas, aos julgamentos espetaculares de Josef Stalin na década de 1930. Ele se recusou a pedir ao tribunal que o absolvesse, dizendo que estava orgulhoso de tudo o que havia dito.

O Kremlin, quando questionado sobre o veredicto, disse que não comenta as decisões do tribunal.