Ministro israelense critica apelo do papa por estudo sobre se ofensiva em Gaza é "genocídio"

Por Joshua McElwee

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Um ministro do governo israelense criticou o papa Francisco nesta sexta-feira por sugerir que a comunidade internacional deveria estudar se a ofensiva militar de Israel em Gaza constitui um genocídio do povo palestino.

Em uma carta aberta publicada pelo jornal italiano Il Foglio, o ministro de Assuntos da Diáspora, Amichai Chikli, disse que as observações do papa -- feitas em trechos de um livro a ser publicado no mês passado -- equivaliam a uma "trivialização" do termo genocídio.

"Como um povo que perdeu seis milhões de seus filhos e filhas no Holocausto, somos particularmente sensíveis à banalização do termo 'genocídio' -- uma banalização que se aproxima perigosamente da negação do Holocausto", escreveu Chikli.

Chikli, que terminou a carta chamando Francisco de "um querido amigo do povo judeu", pediu ao papa que "esclarecesse sua posição com relação à nova acusação de genocídio contra o Estado judeu".

O Vaticano não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta.

Israel afirma que as acusações de genocídio em Gaza não têm fundamento e que está apenas caçando militantes do Hamas e outros grupos armados palestinos.

O papa, como líder da Igreja Católica Romana, com 1,4 bilhão de membros, geralmente é cuidadoso ao tomar partido em conflitos, mas recentemente tem se manifestado mais abertamente sobre a campanha militar de Israel contra o grupo militante palestino Hamas.

Nos trechos do livro publicados pelo jornal italiano La Stampa, o pontífice disse que alguns especialistas internacionais afirmaram que "o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio".

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"Devemos investigar cuidadosamente para avaliar se isso se encaixa na definição técnica (de genocídio) formulada por juristas e organizações internacionais", disse o papa.

As autoridades da Faixa de Gaza afirmam que mais de 45.000 palestinos foram mortos e mais de 107.000 ficaram feridos na ofensiva de Israel, e a maioria dos mais de 2 milhões de habitantes do enclave está desabrigada ou desalojada.

Israel iniciou sua ofensiva após o ataque liderado pelo Hamas contra comunidades no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas e levadas para Gaza, de acordo com os registros israelenses.

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