"Bolsonaro merece Nobel da estupidez", diz jornal francês
A imprensa francesa, nacional e regional, debate o quiprocó entre Brasil e França, que começou com a questão da Amazônia, resvalou para insultos pessoais por parte dos representantes brasileiros e, nesta quarta-feira (28), trata do recuo de Bolsonaro sobre a oferta de ajuda do G7 para combater o fogo na Amazônia.
Na noite de terça-feira (27), o porta-voz Otavio Rego Barros foi insistentemente questionado sobre se a ajuda do G7 seria recebida e se a exigência do pedido de desculpas de Macron havia sido deixada de lado.
No entanto, ele repetiu por diversas vezes que o Brasil só irá impor que a verba seja condicionada ao reconhecimento da soberania e a governança do governo brasileiro.
A maioria dos jornais francesas considerou que o fato de Macron condicionar a continuidade do tratado comercial entre o Mercosul e a União Europeia à medidas ambientais de proteção na Amazônia fez com que Bolsonaro fosse obrigado a recuar.
Para Macron, foi a oportunidade de voltar a ser bem visto por boa parte da opinião pública francesa que o criticava, dizendo que o tratado era uma ameaça a medidas ambientais.
Criticar Bolsonaro, mas com mira em Trump
Em editorial, o jornal Charente Libre diz que para Emmanuel Macron "enfrentar o Trump brasileiro é bem menos arriscado que criticar o presidente da primeira potência mundial, e assim se apresentar como o defensor do clima. Criticar Bolsonaro permite ao mesmo tempo falar mal do modelo americano, que apoia o brasileiro abertamente, sem atacar [Trump] de frente. Essa foi a estratégia de início de mandato que não deu certo".
"Se a estupidez e a irresponsabilidade tivessem um prêmio Nobel, ele seria indiscutivelmente dado a Jair Bolsonaro, apesar da forte concorrência atualmente no cenário internacional em tempos de pobreza intelectual", diz o jornal L'Union, de Reims.
Já o Courrier Picard, opina que, "ao condicionar o tratado comercial entre a União Europeia e o Mercosul com exigências ambientais, e principalmente ao respeito ao Acordo de Paris, Emmanuel Macron ganhou parte da opinião pública e assim pressiona Bolsonaro. Se o brasileiro quiser exportar suas mercadorias, precisa ceder às exigências da Europa. Ponto para Macron, que ao mesmo tempo se livra de um tratado indigesto e que divide".
O editorialista acrescenta que "Bolsonaro não para de gritar, mas líderes populistas devem ser combatidos de frente, insistindo sobre as consequências de seus atos".
Estratégia errada de Bolsonaro
O editorialista do Sud-Ouest lembra que o presidente francês "disse claramente que uma floresta tão importante para o clima mundial e compartilhada por nove países - incluindo a França, na Guiana - poderia ter um estatuto internacional, o que foi interpretado como uma bandeira vermelha para o nacionalismo brasileiro, do qual Bolsonaro é o representante". Para "apagar o fogo que ameaça sua popularidade, Bolsonaro deveria restaurar uma política de proteção ambiental, para a qual nenhum apoio internacional seria desprezível", acrescenta.
Segundo La Presse de La Manche, "a tensão criada, em sua origem, por Bolsonaro e seus insultos à França são no mínimo medíocres, inadmissíveis e preocupantes". Para resolver a situação, "bastaria chamar a Paris nosso embaixador do Brasil, para acalmar o jogo e só retomar o diálogo quando o senhor Bolsonaro sair de sua crise de histeria", acrescenta.
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