Coletes amarelos, greve geral e epidemia de coronavírus: três anos de Macron na presidência
Emmanuel Macron foi eleito presidente da República da França em 7 de maio de 2017. Três anos depois, o clima não é de festa. Macron dirige um dos países mais afetados pela pandemia de coronavírus no mundo e a gestão de seu governo é vista com desconfiança pela população. Desde que chegou ao poder, esta é a terceira grave crise que enfrenta.
O terceiro aniversário da presidência de Emmanuel Macron acontece sob o signo da Covid-19. O coronavírus obrigou o presidente a tomar a decisão radical de decretar o confinamento quase total do país para lutar contra um perigo inédito, lembra Valérie Gas do serviço político da RFI. Apesar da quarentena e das medidas de precaução adotadas, a doença já matou 25.809 pessoas e o número de mortos aumenta a cada dia.
A decisão de decretar o isolamento, a falta de máscaras e testes, entre outros fatores, provocaram polêmica. Os anúncios para o fim da quarentena, que deve começar em 11 de maio, trazem apreensão. Pesquisa publicada nesta quinta-feira (7) aponta que apenas 34% da população tem confiança nas decisões adotadas e anunciadas pelo presidente para enfrentar a situação.
Além disso, Macron terá pela frente uma crise econômica de proporções inéditas, provocada pela epidemia. A gestão das crises sanitária e econômica irá determinar o fim de seu mandato de cinco anos. Este aniversário marca um momento decisivo de escolhas para o futuro que irão influenciar sua possível candidatura à reeleição.
Coletes amarelos
O movimento dos coletes amarelos, iniciado em outubro de 2018, forçou o mais jovem chefe de Estado da história francesa a se adaptar. Na época, ele afirmou que "nada seria como antes". Um ano depois, vieram os protestos e greves contra a reforma da Previdência, que paralisaram durante várias semanas os transportes públicos do país.
O coronavírus o obriga a se transformar. "Tentemos nos reinventar, eu em primeiro lugar", essa foi a promessa que ele fez aos franceses em um pronunciamento à nação, em 13 de abril. O liberal e centrista Macron sinalizou estar pronto a tomar decisões de ruptura. Ele garantiu que, apesar do alto custo para as contas públicas, suas prioridades tinham mudado.
Especialistas apontam que ele estaria inclusive disposto a abrir mão da contestada reforma da Previdência. O gesto visaria preservar a "concórdia nacional" que o presidente deseja e vê como necessária para superar a crise atual.
Mudança de primeiro-ministro?
Ao falar de solidariedade e soberania, o chefe de Estado traçou as linhas do novo modelo a ser construído na França após o fim da quarentena. As diretrizes para a flexibilização das restrições de circulação no país revelaram a existência de tensões entre Macron e o primeiro-ministro Édouard Philippe. Segundo as sondagens, o premiê é atualmente mais popular do que o presidente.
Uma situação que após três anos, um movimento de contestação social, uma longa greve contra a reforma da Previdência e uma epidemia, faz ressurgir a ideia de uma provável mudança de primeiro-ministro.
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