Aglomeração em Festa da Música causa indignação na França, que tenta sair da crise da covid-19
Era para ser uma Festa da Música diferente: com máscaras, sem palcos nas ruas de Paris e grupos pequenos de no máximo dez pessoas. No entanto, ontem, milhares de parisienses decidiram sair para dançar e festejar no entorno do Canal Saint-Martin em uma aglomeração que desafia a capacidade de transmissão do coronavírus.
Um evento de música com vários DJs organizado no jardim Villemin, no 10° arrondissement, reuniu uma multidão mais preocupada em aproveitar sua primeira festa após três meses de restrições do que em se proteger do coronavírus, que ainda circula na França.
No sábado (20), o ministério da Cultura havia relembrado as regras para que o evento pudesse ocorrer. Máscaras e distância de um metro entre os grupos eram as máximas. Oficialmente, ainda estão proibidos grupos com mais de dez pessoas em locais públicos no país.
"Peço a todos que sejam cuidadosos e responsáveis. Podemos celebrar a música mantendo distância e tomando cuidado", alertou o ministro da Cultura, Franck Riester.
As imagens do canal Saint-Martin, no entanto, próprias de um carnaval de rua, causaram indignação. Nas redes sociais, a Festa da Música, espécie de Virada Cultural francesa, foi chamada de Festa do Corona em mensagens críticas aos foliões.
Uma bomba-relógio?
"Bando de idiotas. Em 10 dias haverá contaminações suplementares. Não é dessa forma que chegaremos ao fim dessa pandemia", publicou Muriel Boudier comentando um vídeo do canal Saint-Martin.
"Que indecência! É uma vergonha. Nenhum respeito pelas pessoas vulneráveis e pelos mais velhos", criticou outra internauta.
Cenas semelhantes foram vistas na rue de Paradis, também no 10º arrondissement, onde uma multidão dançava, e na rue des Archives, no bairro do Marais.
No final da tarde de domingo, a polícia interveio para dispersar a aglomeração, mas já era tarde para evitar o contato de milhares de pessoas que dançaram e cantaram juntas, mesmo debaixo de chuva, para esquecer a crise do coronavírus.
"Isso não tem nada a ver com o que estava previsto pelo desconfinamento dito progressivo. Eu entendo que a Festa da Música seja libertadora, mas não poderíamos evitá-la este ano?", questionou no Twitter Gilbert Deray, médico-chefe do hospital Pitié-Salpêtrière, um dos locais centrais do atendimento de pacientes da Covid-19 em Paris.
A pergunta repetida nas redes sociais e na imprensa francesa é se a aglomeração vista no domingo será responsável por uma nova onda de casos.
Após dois meses de confinamento restrito, a França reabre desde maio sua economia e tenta deixar para trás a crise da Covid-19, que já fez 29.643 vítimas em seu território.
* Com AFP
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