Greenpeace coloca imensa faixa em guindaste da Notre Dame de Paris
A catedral de Notre Dame de Paris amanheceu hoje com uma imensa faixa estendida pelo Greenpeace em um dos guindastes utilizados nas obras de reconstrução do monumento. A proposta da ONG seria de convidar o governo a "agir" contra o aquecimento global, o que causou a indignação da nova ministra francesa da Cultura, Roselyne Bachelot.
"Atacar um lugar tão importante para o consciente e o inconsciente coletivo... Acredito que o Greenpeace não está servindo a uma causa, que, de outra forma, seria justa", criticou Bachelot na France Inter, ressaltando ainda que a área da Notre Dame está "extremamente frágil" e que "qualquer intrusão" poderia ter "consequências realmente prejudiciais".
O diretor-geral do Greenpeace na França, Jean-François Julliard, contou à AFP que os ativistas "não haviam tocado na catedral" e que a ação não implicava em "nenhum risco nem para a construção nem para o canteiro de obras". Ele lamentou que a ministra tenha reagido mais à "peripécia" que à "causa" da ação.
Por volta das 6h da manhã, quatro ativistas subiram no guindaste ao lado da catedral, com cerca de 80 metros de altura. Vestidos com uniforme amarelo e capacete, eles estenderam uma faixa gigante com os dizeres "Clima: à ação" e a assinatura "Greenpeace" em preto sobre fundo amarelo.
Um dos ativistas, suspenso no vácuo, ostentava a mensagem "Macron, clima, nosso drama", em um trocadilho com Notre Dame. A ação terminou por volta das 8h30 e a faixa foi removida.
Diretamente a Macron
"Com essa ação, o Greenpeace está se dirigindo diretamente a Emmanuel Macron, para denunciar sua falta de iniciativa climática", explicou em comunicado a ONG, que processou o governo pelo mesmo motivo, ao lado de outras associações.
"Desde o início de seu mandato, o chefe de Estado ampliou o debate sobre ecologia, mas ainda reluta em conduzir uma política que atenda verdadeiramente à emergência climática. A mais recente reforma do governo é mais uma prova da falta de ambição do presidente", afirma o Greenpeace.
A ONG escolheu o local da catedral de Notre Dame, devastada por um incêndio em abril de 2019, "por ser um lugar icônico" e que está "sendo reconstruído". "Gostamos desse paralelo com um mundo que deve ser reconstruído de outra forma", revelou Julliard.
"Sem muita mudança em três setores prioritários - transporte, habitação e agricultura -, não haverá redução suficiente nas emissões de gases de efeito estufa na França para respeitar o acordo de Paris", ele acrescentou.
Sem integração à questão climática
A ação do Greenpeace ocorre após o relatório anual do Conselho Superior do Clima, órgão criado no final de 2018 para avaliar políticas públicas nessa área, ter alertado que as primeiras medidas de emergência para revitalizar a economia após a crise do coronavírus não estariam suficientemente integradas à questão climática.
Na Franceinfo, a nova ministra francesa da Ecologia, Barbara Pompili, declarou ter visto na ação "um pequeno presente de boas-vindas, uma pequena mensagem de encorajamento". "São pessoas de quem eu gosto e respeito, são pessoas que lançam alertas", destacou ela.
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