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Novo protesto pede justiça pela morte de jovem francês sob custodia policial em 2016

18.jul.2020 - Protesto em Paris relembra Adama Traore, que foi morto em 2016 sob custódia policial - Bertrand Guay/AFP
18.jul.2020 - Protesto em Paris relembra Adama Traore, que foi morto em 2016 sob custódia policial Imagem: Bertrand Guay/AFP

18/07/2020 13h18

Para marcar os quatro anos da morte de Adama Traoré em Beaumont-sur-Oise, subúrbio ao sul de Paris, milhares de pessoas se reuniram neste sábado (18) para pedir justiça.

Em 19 de julho de 2016, Adama Traoré, 24 anos, morreu em uma delegacia nos arredores de Paris, cerca de duas horas depois de ser preso, após uma perseguição. Segundo seus familiares, ele foi violentamente agredido no momento da detenção.

Em maio, uma perícia descartou a responsabilidade dos policiais, mas no mês seguinte, um perito contratado pela família de Traoré indicou que ele sofreu socos na barriga, técnica de detenção utilizada pelos agentes.

"Nenhum homem, nenhuma pessoa deve morrer dessa forma, nessa idade", protestou Assa Traoré, irmã de Adama e figura de proa do movimento que pede a "requalificação dos fatos para homicídio voluntário".

No plano judiciário, juízes pediram recentemente novas investigações e um novo parecer de médicos belgas - o resultado deve ficar pronto em 2021. "Ao invés de encomendar novas pesquisas, é melhor que digam a verdade. Eu quero justiça antes de morrer", declarou, emocionada Oumou Traoré, mãe de Adama.

"Não posso respirar"

Participantes levavam faixas com frases como "deixem-nos respirar" ou "sem justiça, não há paz". O protesto foi organizado pelo comitê Adama e Alternativa, uma das principais ONGs que lutam pelo clima e contra desigualdades.

A manifestação acontece após dois outros protestos, em Paris, que reuniram milhares de pessoas diante do Tribunal de Grandes Instâncias e na Praça de la République.

Para o Comitê Adama, trata-se de expandir a causa no contexto das fortes reações planetárias à morte, em maio, nos Estados Unidos, de George Floyd, homem negro que foi asfixiado por um policial branco enquanto suplicava "não posso mais respirar".

"O efeito Lloyd amplificou a causa de Adama Traoré. Deu mais força à família. O mais importante é estarmos aqui, presentes, mostrando apoio sempre, todos os dias", declarou Abdoulaye Diakité, um manifestante.