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Voluntário admite ter iniciado incêndio na catedral francesa de Nantes

Incêndio destruiu órgão e vidraças da catedral francesa de Nantes - Fanny Andre - 18.jul.2020/AFP
Incêndio destruiu órgão e vidraças da catedral francesa de Nantes Imagem: Fanny Andre - 18.jul.2020/AFP

26/07/2020 07h51

Um voluntário que trabalhava na catedral francesa de Nantes admitiu ter iniciado o incêndio que danificou a Saint-Pierre-et-Saint-Paul na semana passada. O homem, um imigrante de Ruanda que atuava na diocese de Nantes, já tinha sido interrogado no dia do incêndio, em 18 de julho, mas foi liberado.

Na noite de ontem, ele confessou ter colocado fogo em três pontos diferentes da catedral: nos dois órgãos, que tinham mais de 400 anos e foram totalmente destruídos, e num painel elétrico. As chamas também arruinaram os vitrais do local.

O advogado do acusado disse que ele está "amargamente arrependido". "Meu cliente hoje está devastado de remorso e pela amplitude que os eventos tomaram", afirmou o defensor, Quentin Chabert, acrescentando que o homem está cooperando com as investigações.

O acusado, de 39 anos, foi preso e vai responder à Justiça a acusação de "destruição e degradação por incêndio", indicou o procurador da cidade, Pierre Sennès. A pena pode ser de até 10 anos de prisão e ? 150 mil de multa. "Os primeiros resultados comunicados pelo laboratório central da polícia de Paris levam a privilegiar a pista criminosa", indicou Sennès.

Documentos vencidos

O suspeito chegou na França em 2012 e, desde dezembro do ano passado, não tinha mais um visto válido para permanecer em solo francês, apesar de diversas tentativas de renovação dos documentos, indica a emissora BFM TV. Em março deste ano, ele foi notificado de uma ordem para deixar o país.

Na véspera do dia do incêndio, o homem estava encarregado de fechar a catedral. As suspeitas sobre ele se iniciaram quando os investigadores contataram que não havia nenhum sinal de invasão forçada do local e foram detectados resquícios de querosene. Mais de 30 pessoas foram ouvidas pela polícia judiciária, encarregada do caso. Cerca de 20 profissionais trabalham diretamente nas investigações, incluindo o reforço de peritos do laboratório da polícia de Paris.

Maioria das obras de arte foi salva

No domingo (19) após o drama, o reitor da catedral, padre Hubert Champenois, declarou ter "total confiança" no homem, que ele conhecia há mais de quatro anos. O alerta do fogo foi dado por pedestres que passavam diante do local, às 7h45 do sábado passado (18).

Os bombeiros levaram mais de duas horas para controlar as chamas. Além do órgão central, um quadro de Hippolyte Flandrin, do século 19, também foi destruído. O restante das obras de arte instaladas na catedral foi salvo.

A catedral gótica começou a ser construída no século 15, sob ordens do último duque da Bretanha, François II, e só se encerrou em 1891. A reconstrução do prédio deve levar pelo menos três anos, conforme o arquiteto chefe dos Monumentos Históricos da França, Pascal Prunet.

O primeiro-ministro francês, Jean Castex, esteve em Nantes para visitar o local e parabenizar o trabalho dos bombeiros. Ele assegurou que o Estado francês "vai assumir toda a sua parte" na restauração da catedral - que já tinha sofrido um incêndio em 1972.

*Com informações da AFP e Reuters