O que pode acontecer se Trump não aceitar a derrota nas eleições? Organizações progressistas se mobilizam
A menos de duas semanas das eleições presidenciais americanas, o clima entre democratas e republicanos se acirra. Preocupados com as ameaças do presidente americano, Donald Trump, de não deixar o poder em caso de insatisfação com os resultados da votação, "dezenas de milhões" de militantes estão mobilizados para tomar as ruas.
"Esperamos que tudo se passe bem, mas devemos nos preparar para o pior", diz Sean Eldridge, um dos líderes do movimento "Protect the Results" (Protejam os resultados), que prepara protestos caso Trump se recuse a reconhecer uma eventual derrota.
Muitos americanos temem que o líder republicano não deixe o poder pacificamente se o candidato democrata, Joe Biden, vencer a votação de 3 de novembro. Em diversas ocasiões, Trump declarou que só as fraudes poderiam impedi-lo de se reeleger, fazendo duras críticas ao voto antecipado e por correspondência, que vêm sendo utilizados massivamente no país devido à pandemia de coronavírus.
Mais de 30 milhões de americanos já votaram: um recorde até hoje. Na mesma época, há quatro anos, apenas 6 milhões de boletins haviam sido registrados. Biden lidera as pesquisas de intenção de voto.
Situação inédita nos Estados Unidos
"É inédito na história política americana a preocupação de que um presidente em exercício não aceite o veredito das urnas e garanta uma transição pacífica de poder", afirma Eldridge, de 34 anos, ex-candidato democrata ao Congresso pelo estado de Nova York.
O militante é também um dos líderes do movimento pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e o idealizador de uma organização contra Trump, a "Stand Up America", (Levantem-se Estados Unidos).
"Nunca imaginei exercer uma atividade como essa. Mas devemos levar Trump a sério quando ele diz que poderia não aceitar os resultados porque tudo o que ele vem fazendo, há três anos e meio, mostra sua falta de respeito total pelas regras democráticas", afirma Eldridge.
A coalizão "Protect the Results" anunciou nesta semana 250 manifestações nas principais cidades americanas. A organização reúne cerca de cem outras associações, entre defensores do meio ambiente, feministas e militantes LGBTQI+, inclusive um coletivo republicano anti-Trump, agregando, segundo o militante, "dezenas de milhões de membros". Dependendo da reação do presidente-candidato, os primeiros protestos podem começar em 4 de novembro, algumas horas após os anúncios dos primeiros resultados da votação.
Risco de violências
Diante do volume de boletins já enviados pelo correio ou a quantidade de pessoas que já votaram antecipadamente, "devemos estar prontos para que a apuração leve alguns dias até sabermos quem venceu a eleição. Também devemos garantir que os americanos saibam reagir a toda pressão que pode exercer Trump para modificar os resultados", diz Eldridge.
De seu lado, o presidente americano convocou seus partidários a "observar muito atentamente" o que acontece nos locais de votação para assinalar qualquer tentativa de fraude. A equipe de campanha do líder republicano lançou uma plataforma on-line para mobilizar seus apoiadores a realizar tarefas clássicas, como abordar os eleitores diretamente em suas casas, atividades eleitorais clássicas nos Estados Unidos, mas que assustam muitos progressistas, a começar pelo nome escolhido "Army for Trump" (Exército por Trump).
Muitos também temem a recusa do presidente americano de denunciar a atuação de grupos de extrema-direita, como o "Proud Boys" (Rapazes orgulhosos), organização neofascista afiliada a supremacistas brancos. Eles estariam por trás da recente escalada de violência em comícios políticos realizados em universidades e em cidades como Charlottesville, Virginia, Portland, Oregon, Seattle e Washington". No debate com Joe Biden em 29 de setembro, Trump chegou a enviar uma mensagem ao grupo, pedindo que eles "se preparem".
Diante deste contexto, confrontos são possíveis? Segundo fontes anônimas do FBI, citadas recentemente pelo jornal Washington Post, agentes estão atentos para a possibilidade de violências e a organização teria, inclusive, um plano de ação. A polícia de Nova York também indicou que se prepara para a possibilidade de um conflito pós-eleições.
Eldridge garante que seu movimento não vai sair às ruas se Trump vencer a eleição. "Esperamos não ter que manifestar", afirma. Segundo ele, caso as manifestações sejam realizadas, elas serão pacíficas. "Mas não nos deixaremos nos intimidar pela retórica perigosa e a violência que estamos vendo no campo oposto", ressalta.
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