Em meio a ameaça terrorista, França inicia novo lockdown para frear covid-19
A França amanheceu hoje em um novo lockdown para tentar frear a epidemia do novo coronavírus. A segunda onda da doença, preveniu o governo, deve ser pior e matar mais do que a primeira, em março.
Apesar do contexto sanitário desfavorável, as escolas continuarão abertas, mas o fechamento dos estabelecimentos não foi totalmente descartado pelo governo.
"Não temos outra solução", afirmou ontem o primeiro-ministro Jean Castex, no dia seguinte ao pronunciamento do presidente francês, Emmanuel Macron, para anunciar a medida.
O lockdown será instaurado em princípio até o dia 1º de dezembro, com algumas mudanças, "porque aprendemos com a primeira onda", declarou Castex.
A diferença era visível na manhã de hoje, nas ruas de Paris. O movimento era praticamente normal, com pedestres nas calçadas e veículos nas ruas, o que levou Martin Hirsch, diretor-geral da rede de hospitais públicos da capital, a publicar um tuíte pedindo a adesão da população na luta contra o vírus.
Segundo ele, atravessando Paris, "a cidade não parecia estar em um primeiro dia de lockdown". Hirsch alertou para o risco de superlotação nos hospitais, que podem atingir rapidamente o limite da capacidade nas unidades de terapia intensiva.
Ontem, 3.147 pessoas estavam internadas nesses setores. Nas úlitmas 24 horas, 250 pacientes morreram nos hospitais.
Comércio fechado
A maior parte dos estabelecimentos comerciais ficará fechada —com exceção de supermercados, padarias, confeitarias ou lojas que fornecem material eletrônico. Outras exceções, como livrarias, ainda estão sendo avaliadas. Transportes continuam operando, embora em menor capacidade, e as repartições públicas abrirão normalmente.
Para o feriado de Finados, o governo também anunciou que os cemitérios ficarão abertos. O Ministério do Trabalho incita à generalização do home-office em todas as atividades nas quais existe essa possibilidade.
Para sair, só com documento
Mesmo sendo um pouco menos rígido do que março, o lockdown francês tem várias restrições: a principal delas é a necessidade de preencher um documento para justificar saídas para fazer compras, ir ao médico, à farmácia, ajudar uma pessoa em caso de necessidade ou visitar um idoso em uma casa de repouso.
Passeios só estão autorizados em um raio de um quilômetro em torno do domicílio, uma hora por dia.
As escolas continuam abertas, com máscara obrigatória a partir dos seis anos. Apenas universidades terão aulas online. Para levar e buscar as crianças, os pais devem ter um documento emitido pelo estabelecimento.
O governo disponibilizou os atestados no aplicativo TousAntiCovid (Todos Contra a Covid) —uma maneira de incitar os cidadãos a baixar a ferramenta, facilitando assim o controle das redes de contaminações.
Multa pode chegar a R$ 1.348
O desrespeito às regras pode gerar uma multa inicial de 135 euros (cerca de R$ 910). Em caso de reincidência, o valor sobe para 200 euros (aproximadamente R$ 1.348). Na terceira vez, o valor chega a 3.750 euros (mais de R$ 25 mil), com seis meses de prisão.
O objetivo é diminuir o número diário de contaminações, de cerca de 45 mil, para 5.000 casos por dia. O governo avaliará a situação a cada 15 dias. Para o epidemiologista Dominique Costagliola, quatro semanas de lockdown é "o mínimo." Para ele, é preciso esperar duas ou três semanas para se ter uma ideia precisa da duração da medida.
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