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"Partygate": gabinete de Johnson manteve happy hour nas sextas-feiras durante lockdown, diz jornal

Gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, teria realizado encontros de happy hour mesmo durante a pandemia - 16 dez. 2021 - Leon Neal - WPA Pool/Getty Images
Gabinete do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, teria realizado encontros de happy hour mesmo durante a pandemia Imagem: 16 dez. 2021 - Leon Neal - WPA Pool/Getty Images

15/01/2022 08h18

O jornal britânico The Mirror informa neste sábado (15) que o gabinete do primeiro-ministro Boris Jonhson continuou a realizar um happy hour todas as sextas-feiras mesmo durante os períodos de lockdown pela pandemia de coronavírus. A notícia se soma a outras revelações do gênero nos últimos dias, que colocam em xeque a permanência do premiê no cargo.

O diário afirma que os empregados do gabinete mantiveram a "tradição de longa data" de encerrar a semana com um momento de celebração regado a vinhos. Encontros como este, entretanto, estiveram proibidos no resto do país, durante os picos de contaminações por Covid-19. O jornal acrescenta que os funcionários investiram em uma nova geladeira para manter as bebidas refrigeradas e o primeiro-ministro estava ciente da realização das reuniões informais.

Um porta-voz de Downing Street, a residência oficial, indicou que uma investigação interna está em curso para apurar se Johnson e seus colaboradores infringiram as regras em vigor no país nas diferentes ocasiões e as quais, agora, o governo se vê acusado de ter violado.

Crise do "partygate"

O "partygate" se transformou na pior crise do governo desde a chegada do conservador ao cargo, em julho de 2019. Na quarta-feira (12), ele apresentou um pedido de desculpas ao Parlamento por ter participado de uma festa em maio de 2020, alegando que pensava que o encontro seria uma reunião de trabalho.

Desde então, entretanto, a lista de eventos inoportunos só aumentou, como uma festa ocorrida em Downing Street - sem a presença de Johnson - na véspera do enterro do príncipe Philip, em abril de 2021. Na ocasião, a rainha Elizabeth 2ª participou do funeral do marido sozinha na capela do castelo de Windsor, numa imagem que refletia o rigor do lockdown em vigor naquele momento.

A revolta provocada pelo caso constrange até mesmo entre os conservadores. Segundo The Mirror, os aliados mais fiéis do premiê foram convocados a exaltar publicamente as suas realizações, como o Brexit, para evitar a queda do chefe de Governo em decorrência do caso.

Líder trabalhista também é visado

Já o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, pede a demissão de Johnson. "Estamos assistindo ao triste espetáculo de um primeiro-ministro afundado em enganações e trapaças, incapaz de governar", disse ele, em um discurso neste sábado.

Starmer, no entanto, foi acusado de hipocrisia, já que foram divulgadas fotos dele bebendo uma cerveja com um pequeno grupo de colaboradores do Partido Trabalhista, em um escritório em maio passado, quando as reuniões em espaços fechados estavam banidas, salvo em situações profissionais. As imagens foram publicadas no ano passado e, na ocasião, o partido declarou que o líder não desrespeitou nenhuma regra porque estava "em um local de trabalho".

(Com AFP)