Topo

Esse conteúdo é antigo

Putin diz que Ocidente desconsidera preocupações russas sobre a Ucrânia

Insatisfação foi dita por Putin em ligação com o presidente francês, Emmanuel Macron - Mikhail Klimentyev/TASS via Getty Images
Insatisfação foi dita por Putin em ligação com o presidente francês, Emmanuel Macron Imagem: Mikhail Klimentyev/TASS via Getty Images

*

28/01/2022 12h22Atualizada em 28/01/2022 14h01

O presidente russo, Vladimir Putin, reclamou hoje que as exigências russas em relação à crise ucraniana não foram ouvidas pelos países ocidentais. Ele conversou por telefone com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.

"As respostas dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte não levaram em consideração as preocupações fundamentais da Rússia", indicou o Kremlin em um comunicado sobre a conversa entre os dois presidentes.

"A pergunta chave foi ignorada, ou seja, como os Estados Unidos e seus aliados pensam colocar em prática o princípio segundo o qual nenhum país deve reforçar sua segurança em detrimento dos outros", reiterou o documento.

Há vários dias, a Rússia vem exigindo uma garantia formal dos Estados Unidos sobre a não expansão da Otan para o leste da Europa, que, segundo o Kremlin, ameaçaria a segurança do território russo.

Um dos principais motivos de tensão entre Moscou e os países ocidentais é que a aliança atlântica sinaliza há anos que a Ucrânia pode ser integrada a ela. Isso garante que a organização defenderá Kiev em caso de guerra.

Na última quarta-feira (26), o Departamento de Estado americano indicou que as exigências de Moscou são "inaceitáveis".

Um dia depois, o chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que o Kremlin não reagiria imediatamente à negativa, mas considerou que a reação de Washington "permite esperar o início de uma discussão séria sobre questões secundárias".

Concordância entre líderes

Macron e Putin concordaram na "necessidade de desescalada" e na continuidade do "diálogo" para resolver a crise relacionada à Ucrânia, segundo a Presidência francesa.

A conversa telefônica entre os dois líderes "permitiu um entendimento sobre a necessidade de uma desescalada", indicou o Palácio do Eliseu.

"O presidente Putin não expressou nenhuma intenção ofensiva" contra a Ucrânia e "disse muito claramente que não buscava confrontos", acrescentou.

Em relação à segurança estratégica da Europa, ambos os chefes de Estado "concordaram que o diálogo deve continuar, o que exigirá que os europeus façam parte (das conversas)", mesmo que envolva os Estados Unidos e a Otan.

Pela noite, está programado para o presidente francês falar com o homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky.

"Esta noite ele (Macron) comunicará nosso compromisso com a soberania da Ucrânia, nossa solidariedade neste período de tensões e nosso compromisso de continuar negociando para encontrar um caminho que leve à implementação dos acordos de Minsk", acrescentou a Presidência francesa.

Moscou não quer guerra

Após a conversa com o presidente francês, Putin declarou que estudará as propostas de Washington e da Otan, antes de tomar novas decisões.

Segundo as agências de notícias russas, os dois dirigentes se comprometeram a dar continuação aos diálogos sobre as questões relativas à segurança na Europa.

O presidente russo também declarou que quer seguir trabalhando para a resolução do conflito no leste da Ucrânia, que já dura oito anos.

Para isso, ele lembrou da existência dos diálogos diplomáticos entre Moscou, Kiev, Paris e Berlim. Uma próxima rodada deve ocorrer no início de fevereiro.

Antes da conversa entre Putin e Macron, Lavrov afirmou que a Rússia não tem interesse em um conflito.

"Se isso depender de nós, não haverá guerra. Não queremos guerra. Mas não permitiremos que nossos interesses sejam grosseiramente pisoteados, que sejam ignorados", indicou, em uma entrevista a rádios russas.

O chefe da diplomacia da Rússia também sublinhou que espera um novo encontro com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, nas próximas semanas. Segundo ele, as propostas dos Estados Unidos são melhores do que as da Otan.

* Com informações da AFP e da Reuters