Topo

Esse conteúdo é antigo

Antivacinas do "comboio da liberdade" chegam a Paris e polícia multa manifestantes

12.fev.2022 - Engarrafamento se forma na Porte de Bagnolet, leste de Paris, quando comboios de manifestantes do "Convoi des Libertes" chegam à capital francesa - Sameer Al-Doumy/AFP
12.fev.2022 - Engarrafamento se forma na Porte de Bagnolet, leste de Paris, quando comboios de manifestantes do "Convoi des Libertes" chegam à capital francesa Imagem: Sameer Al-Doumy/AFP

12/02/2022 08h44

Vários motoristas do autoproclamado "comboio da liberdade", que protestam contra as restrições da pandemia de covid-19, conseguiram entrar em Paris na manhã de hoje, desafiando a proibição imposta pelas autoridades de segurança pública. Apenas as manifestações a pé estão autorizadas na capital. A mobilização, inspirada nos caminhoneiros do Canadá, reúne de 3 mil a 6 mil veículos que atravessaram a França nos últimos dias e têm como destino final Bruxelas, sede da União Europeia.

Um esquema de segurança composto por 7.200 policiais e blindados das tropas de choque, utilizados na dispersão de protestos, estão mobilizados para evitar um bloqueio da capital francesa pelos manifestantes. Mas, apesar das barreiras erguidas nos acessos rodoviários da região parisiense, alguns veículos conseguiram escapar da vigilância da polícia e chegar à avenida Champs Elysées, área que foi palco de violentos confrontos entre forças da ordem e integrantes do movimento dos coletes amarelos, em 2018 e 2019.

O autoproclamado "comboio da liberdade" reúne manifestantes de diversas correntes: antivacinas, conspiracionistas, simpatizantes dos coletes amarelos, militantes de extrema-direita e de extrema-esquerda que condenam o passaporte vacinal e as medidas restritivas adotadas pelo governo para combater a pandemia de covid-19. A mobilização organizada nas redes sociais, inicialmente para protestar contra as medidas de saúde, logo se ampliou para reivindicações sociais. Os participantes do "comboio da liberdade" também denunciam a alta do custo de vida. O aumento dos gastos com energia, combustíveis e o retorno da inflação reduzem o poder de compra de milhares de franceses.

Durante a manhã, policiais e militares mobilizados na operação para impedir a entrada de carros, camping-cars e caminhões imobilizaram dois comboios, um de 50 e outro de 450 veículos, em vias de acesso à capital. Ao menos 200 motoristas foram multados em 135 euros euros por desrespeito ao decreto adotado especialmente para proibir o "comboio da liberdade" de circular em Paris. Em outra área, policiais a bordo de motocicletas multaram dois camping-cars e um caminhão que conseguiram chegar à avenida Champs Elysées, nas proximidades do Palácio do Eliseu e do Arco do Triunfo. Os veículos foram guinchados.

Em uma praça na zona sul de Paris, a polícia apreendeu galões de gasolina e armas brancas em poder de manifestantes. Eles são reconhecidos por carregarem bandeiras da França, às vezes coletes amarelos, ou cartazes e inscrições nas roupas que fazem menção ao "comboio da liberdade".

Macron pede calma e boa vontade coletiva

Na sexta-feira (11), em entrevista ao jornal Ouest-France, o presidente Emmanuel Macron pediu "calma" aos manifestantes e "boa vontade coletiva" para superar as dificuldades geradas pela pandemia. A dois meses da eleição presidencial, o pior cenário para Macron, que lidera as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, seria ver um retorno da violência que marcou o movimento dos coletes amarelos.

"Estamos todos coletivamente cansados com o que temos vivido nos últimos dois anos. Este cansaço se expressa de várias maneiras: agitação em alguns, depressão em outros. Vemos um sofrimento mental muito forte entre nossos jovens e não tão jovens. E às vezes, esta fadiga também se expressa na forma de raiva. Eu ouço e respeito", disse o chefe de Estado.

Para diminuir a tensão, o governo anunciou que o uso de máscaras em locais fechados será suspenso em 28 de fevereiro. O ministro da Saúde, Olivier Verán, também acenou com uma suspensão do passaporte da vacina no final de março, se o número de contaminados com a ômicron continuar a recuar no país.