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Em meio a tensão com Rússia, Ucrânia reafirma aspiração de aderir à Otan

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia - Dmytro Smolyenko/ Ukrinform/Future Publishing via Getty Images
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia Imagem: Dmytro Smolyenko/ Ukrinform/Future Publishing via Getty Images

14/02/2022 09h27Atualizada em 14/02/2022 10h23

As bolsas de valores mundiais operam em queda nesta segunda-feira (14), refletindo o nervosismo que toma conta do mercado financeiro internacional com uma possível ofensiva russa na Ucrânia. O porta-voz do presidente ucraniano disse nesta manhã que as aspirações do país de aderir à Otan e à União Europeia estão inscritas na Constituição e permanecem um objetivo prioritário para Kiev, o que é considerado inaceitável pelo líder russo, Vladimir Putin.

A Ucrânia reafirmou uma posição que contraria profundamente o Kremlin, na sequência de uma declaração atribuída ao embaixador ucraniano em Londres, Vadim Pristaiko, à BBC. Segundo a emissora britânica, Pristaiko teria afirmado que seu país estava disposto a se mostrar "flexível" em relação ao projeto de ingressar na aliança militar ocidental ante a pressão militar russa.

"Esta diretriz está não apenas consagrada na Constituição, como também tem o pleno consentimento das autoridades e da sociedade", replicou o porta-voz da presidência ucraniana, recomendando ao embaixador que esclarecesse suas declarações.

Rapidamente, Pristaiko explicou que houve um mal-entendido, que as autoridades ucranianas estavam dispostas a fazer uma série de concessões à Rússia para evitar a guerra, mas nenhuma delas estava relacionada com o abandono do projeto de ingressar na Otan.

Atualmente, a Ucrânia não é membro da aliança militar ocidental, composta por 30 países e essencialmente liderada pelos Estados Unidos e alguns países europeus. Entretanto, desde 2008, a Otan ofereceu ao governo ucraniano uma perspectiva de adesão, sem determinar datas para o processo. O projeto foi rejeitado pelo Kremlin.

Vladimir Putin tem deixado claro que não aceitará uma expansão da Aliança Atlântica até as fronteiras da Rússia e exige "garantias de segurança" de que não haverá instalação de mais mísseis e equipamentos militares ocidentais no leste da Europa, muito menos em ex-repúblicas soviéticas.

O presidente russo irá discutir essa questão no encontro que terá amanhã, no Kremlin, com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. Nesta segunda-feira, Scholz pediu a Moscou "sinais imediatos de desescalada", pouco antes de desembarcar em Kiev, onde se reúne com o presidente ucraniano.

"Uma nova agressão militar teria duras consequências para a Rússia", afirmou Scholz, em mensagem no Twitter. Ele classificou a situação como "muito, muito grave".

Putin tem condicionado a "desescalada" no cerco à Ucrânia a um amplo entendimento com os ocidentais. Além das questões relacionadas com os armamentos na Europa, também estarão sobre a mesa de negociações as possíveis sanções contra o gasoduto Nord Stream 2, construído para escoar gás natural da Rússia para a Alemanha.

G7 aumenta pressão sobre a Rússia com aceno de sanções

Em um comunicado divulgado hoje, os ministros das Finanças do G7, grupo formado por Reino Unido, Estados Unidos, França, Canadá, Alemanha, Itália e Japão, declaram que "a prioridade no momento é apoiar os esforços destinados a fazer a situação avançar". Mas, em caso de agressão militar contra a Ucrânia, o G7 está disposto a aprovar, "em um prazo muito curto", sanções econômicas e financeiras "com consequências importantes e imediatas para a economia russa".

A Rússia nega qualquer intenção de guerra contra a Ucrânia, mas advertiu que adotará "medidas militares técnicas" não especificadas, caso os ocidentais não respondam favoravelmente às suas exigências.

Desde novembro, Moscou concentrou mais de 130.000 soldados na fronteira da Ucrânia. Na semana passada, os russos iniciaram exercícios militares conjuntos com a aliada Belarus, além de manobras navais no Mar Negro, na costa da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Essa movimentação aumenta o temor dos ocidentais de um ataque iminente ao território ucraniano. Autoridades americanas chegaram a cogitar que a ofensiva possa ser lançada no dia 16 de fevereiro.

Ucrânia reclama transparência militar

Paralelamente, a Ucrânia exigiu uma reunião de emergência com a Rússia e os países da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), depois de acusar Moscou de não compartilhar informações sobre seus grandes deslocamentos de tropas na fronteira ucraniana.

Em comunicado publicado na noite de domingo (13), o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, afirmou que a Rússia ignorou uma exigência de Kiev sobre o Documento de Viena, um texto da OSCE que promove medidas de transparência entre as Forças Armadas dos 57 países membros da organização.

"Passamos à próxima etapa. A Ucrânia convoca uma reunião com a Rússia e todos os Estados membros (da OSCE) em 48 horas para discutir a intensificação e os deslocamentos de tropas russas ao longo de nossa fronteira e na Crimeia ocupada", anunciou Kuleba. A Rússia "deve cumprir seus compromissos de transparência militar para reduzir as tensões e fortalecer a segurança de todos os Estados participantes", acrescentou.

Com informações da AFP