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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia: civis usam coquetéis Molotov e fuzis Kalashnikov para defender território

Soldado ajuda a carregar bagagem de refugiados da Ucrânia que atravessam a fronteira com a Eslováquia - Radovan Stoklasa/Reuters
Soldado ajuda a carregar bagagem de refugiados da Ucrânia que atravessam a fronteira com a Eslováquia Imagem: Radovan Stoklasa/Reuters

26/02/2022 11h02

Diante da chegada das tropas russas a Kiev neste sábado (26), o Ministério da Defesa ucraniano chamou a população a resistir. "Pedimos aos cidadãos que nos informem dos movimentos das tropas, que fabriquem coquetéis Molotov e neutralizem o inimigo", exortou. Civis alistados nas brigadas de "defesa do território", identificados com braçadeiras amarelas, são onipresentes em toda a capital.

Diante da chegada das tropas russas a Kiev neste sábado (26), o Ministério da Defesa ucraniano chamou a população a resistir. "Pedimos aos cidadãos que nos informem dos movimentos das tropas, que fabriquem coquetéis Molotov e neutralizem o inimigo", exortou. Civis alistados nas brigadas de "defesa do território", identificados com braçadeiras amarelas, são onipresentes em toda a capital.

"Eles distribuíram rifles, carregaram para nós e aqui estamos", diz Yuri Kortshemni, que nunca havia segurado uma arma nas mãos antes de se juntar a um batalhão de civis pronto para defender Kiev metro a metro do inimigo russo.

Em plena invasão de seu país, quando as primeiras forças russas precisaram de menos de 48 horas para se infiltrar na capital, o historiador de 35 anos não hesitou.

Dezenas de homens de seu bairro o acompanharam para receber um fuzil Kalashnikov em um ponto de distribuição, um caminhão militar cheio de caixas de armas, explica.

Deputada incita mulheres a pegarem em armas

A deputada ucraniana Kira Rudikpostou ima foto sua no Instagram segurando uma Kalashnikov, dizendo que está aprendendo a manipular a arma. "Parece surreal que há alguns dias eu nunca pensaria nisso", diz a deputada, exortando as mulheres ucranianas a defenderem o território ucraniano "da mesma maneira que os homens".

No Facebook e na mídia, o Ministério da Defesa multiplica os pedidos de alistamento emergencial nas brigadas de "defesa territorial", instituição criada em 2015 para reforçar o exército regular.

Atualmente, basta ter entre 18 e 60 anos e ter passaporte para servir. Nenhum treinamento é necessário.

"Eles nos deram armas em um escritório de alistamento militar. Agora, a situação é tal que não podemos esperar pela convocação", explica outro voluntário, Volodimir Moguila.

O eletricista, já com certa idade e o rifle balançando no casaco, rola um pneu velho pela beira de uma estrada para reforçar uma barricada improvisada ao lado de um tanque ucraniano.

"Braçadeira amarela"

Vestindo jeans, roupas esportivas, tênis ou uniformes, os voluntários civis da "defesa territorial" são agora onipresentes na capital, ainda mais visíveis do que os militares regulares.

Para se reconhecerem, eles usam uma pequena braçadeira amarela, às vezes apenas uma fita adesiva, em volta do braço esquerdo.

Em uma cidade praticamente fantasma, seu constante ir e vir é óbvio. O cerco do inimigo se aproxima perigosamente sobre a capital e todos se preparam para um combate sangrento.

"Temos um inimigo muito poderoso à nossa frente", diz o seu comandante, com o nome de guerra "Bob", um engenheiro informático de 51 anos com um olhar azul penetrante, portando um fuzil de assalto nas mãos.

Este armamento "não é suficiente para deter os helicópteros, nem para lidar com tanques", lamenta, pedindo à comunidade internacional que forneça armas ao seu país.

"Temos que parar Moscou, temos que parar o inimigo", insiste.

O voluntário Roman Bondertsev, que decidiu lutar "para não ficar parado em casa" enquanto a Rússia invadia seu país, diz estar pronto para defender sua cidade metro a metro, seja qual for o cenário. Mas ele também não tem muitas esperanças.

"Eu nunca segurei uma arma em minhas mãos até hoje. O que você quer? Vamos tentar o nosso melhor", ele afirma, o semblante claramente abatido.

"E se eles me matarem, haverá outros dois prontos para tomar o meu lugar", ele promete.

(Com AFP)