Zelensky: Ucrânia não é aceita na Otan porque países têm medo da Rússia
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) está com "medo" da Rússia e, por isso, seu país não é aceito na aliança militar. As declarações foram dadas ontem em entrevista à emissora pública da Ucrânia Suspilne. Hoje, o conflito chega ao 27º dia.
"A Otan deveria dizer agora que está nos aceitando, ou dizer abertamente que não está nos aceitando porque tem medo da Rússia, o que é verdade", disse o presidente ucraniano.
"E, então, precisamos nos acalmar e dizer, ok, os países membros da Otan podem nos fornecer garantias de segurança sem que estejamos na Otan. É aí que existe o compromisso, é aí que está o fim da guerra", acrescentou.
Mais cedo, Zelensky havia dito que Kiev não está mais pressionando pela adesão à aliança.
"Acalmei essa questão (aderir à Otan) há muito tempo, depois de perceber que [a aliança] não está preparada para aceitar a Ucrânia. A aliança tem medo de coisas controversas e confrontos com a Rússia", disse ele no início deste mês.
Liderada pelos Estados Unidos, a Otan é uma aliança militar criada em 1949 por 12 países, incluindo Canadá, Reino Unido e França. Com a organização, seus membros assumiram o compromisso de ajudar uns aos outros no caso de um ataque armado contra qualquer Estado que fizesse parte da aliança.
A Rússia reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan. Para Vladimir Putin, presidente russo, a Otan é uma ameaça à segurança deu seu país por sua expansão na região. Por isso, ele quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar ao grupo.
Países que integram a aliança militar já disseram que não se envolverão diretamente no conflito entre Rússia e Ucrânia sob o risco de agravar a situação.
Zelensky também traçou algumas "linhas vermelhas", dizendo que a Ucrânia não poderia aceitar a entrega de nenhuma de suas cidades e não assinaria nenhum acordo de paz que inclua a palavra "desnazificação".
"Não podemos aceitar um ultimato da Rússia. Como podemos, depois que nosso povo foi morto?", questionou.
"É impossível. Simplesmente impossível... digamos que eles exijam obter Kharkiv, Mariupol ou Kiev. As pessoas nessas cidades não os deixam fazer isso. A única maneira de tomar as cidades é matar todo mundo e tomar a cidade vazia. Não pode haver nenhuma 'desnazificação' no acordo. Quando um país que está seguindo os passos dos nazistas nos acusa de ser nazistas, não podemos aceitar isso", afirmou.
Um informe publicado na manhã de ontem pela ONU (Organização das Nações Unidas) revela que o número de mortos registrado oficialmente na guerra na Ucrânia chega perto de mil vítimas. De acordo com o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, até domingo, 925 civis perderam a vida desde o início da guerra.
27 dias de conflito
O Kremlin considerou, hoje, que as negociações em curso com a Ucrânia para pôr fim à "operação militar" russa deveriam ser mais "substanciais".
"Está em curso um certo processo (de negociações), mas gostaríamos que fosse mais enérgico, mais substancial", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Os países continuam sem selar um acordo de paz. Também não houve consenso sobre a rendição de Mariupol, cidade portuária estratégica para os russos, localizada no sudeste da Ucrânia. Zelensky declarou que qualquer acordo para acabar com a guerra precisa ser votado por referendo.
O Ministério da Defesa da Ucrânia disse hoje que as forças russas estão ficando sem suprimentos para a guerra.
"De acordo com as informações disponíveis, as forças de ocupação russas que operam na Ucrânia têm estoques de munição e alimentos para não mais de três dias", disse, em comunicado, o ministério, que apontou "situação semelhante com combustível".
O governo russo, por sua vez, disse que a Ucrânia "usa seus próprios cidadãos como 'escudo humano'" e fez uma comparação com o nazismo.
"As Forças Armadas da Ucrânia colocam armas pesadas nas áreas residenciais de Mariupol. Os nazistas fizeram o mesmo em Berlim [capital da Alemanha], sitiada em 1945", disse o Ministério de Relações Exteriores da Rússia.
Mariupol, que é o principal foco de tensão nos últimos dias, terá corredores de evacuação a partir de áreas próximas à cidade.
* Com AFP
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