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Papa Francisco faz novo apelo por paz na Ucrânia e lamenta 'uma Páscoa em guerra'

17.abr.2022 - Papa Francisco concede bênção de Páscoa da sacada da Basília São Pedro no Vaticano - Vatican Media/Handout via AFP
17.abr.2022 - Papa Francisco concede bênção de Páscoa da sacada da Basília São Pedro no Vaticano Imagem: Vatican Media/Handout via AFP

17/04/2022 12h32

Diante de cerca de cem mil fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco dedicou boa parte de sua mensagem de Páscoa à Ucrânia. O chefe da igreja católica voltou a fazer um apelo em prol da paz e se dirigiu aos representantes políticos.

Da sacada da Basílica de São Pedro, diante de dezenas de milhares de fiéis, o sumo pontífice lamentou "uma Páscoa em guerra". O líder espiritual de cerca de 1,3 bilhão de católicos insiste há semanas na necessidade do fim do conflito na Ucrânia, após a invasão do país pela Rússia em 24 de fevereiro.

"Vimos muito sangue ser derramado, muita violência", apontou em sua tradicional bênção "Urbi et Orbi". Há uma semana, durante a a missa do Domingo de Ramos na Praça São Pedro, Francisco já havia feito um pedido de trégua durante a Páscoa.

Neste domingo, o papa expressou sua solidariedade ao povo ucraniano, aos milhões de refugiados, citando as vidas interrompidas e as cidades completamente destruídas. Sob aplausos, ele lançou um apelo novo por paz.

"Que haja paz na Ucrânia martirizada, tão massacrada pela violência e pela destruição desta guerra cruel e sem sentido à qual foi levada. Que uma nova aurora de esperança tenha início em breve para o fim desta noite terrível de sofrimento e morte. Que a paz seja escolhida!", declarou.

Mensagem aos líderes políticos

Em sua mensagem de Páscoa, tradicionalmente política desde que está à frente do Vaticano, o papa se dirigiu aos líderes políticos como chefe de Estado. "Vamos parar de mostrar os músculos enquanto as pessoas sofrem", afirmou, em um claro recado ao presidente russo, Vladimir Putin.

O sumo pontífice também elogiou os europeus pelo acolhimento dos refugiados ucranianos. No entanto, lembrou que não é possível se habituar à guerra e convidou os fiéis a se manifestarem pelo fim das violências.

"Vamos nos engajar para reclamar a paz, de nossas varandas e nas ruas!", convocou. "A paz é possível, a paz é necessária, a paz é nossa principal responsabilidade", reiterou.

Vítimas de conflitos pelo mundo

Depois de dedicar boa parte de da bênção à Ucrânia, Franciso também citou outros conflitos pelo mundo, na Líbia, Iêmen, Afeganistão, Etiópia, Israel, Mianmar e na República Democrática do Congo, para onde viajará no início de julho.

O pontífice rezou por "paz para o Oriente Médio, devastado por anos de divisão e conflito". Ele defendeu o acesso "livre" aos lugares sagrados de Jerusalém, onde confrontos entre fiéis muçulmanos e forças israelenses deixaram dezenas de feridos na Esplanada das Mesquitas nos últimos dias.

"Que os israelenses, os palestinos e todos os habitantes da Cidade Santa, juntamente com os peregrinos, possam experimentar a beleza da paz, viver em fraternidade e acessar livremente os lugares sagrados, respeitando mutuamente os direitos de cada um", disse.

Neste domingo, mais de dez pessoas ficaram feridas em tumultos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses em torno da Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, o terceiro lugar sagrado do Islã, que voltou a ser palco de violentos confrontos nos últimos dias. Esses incidentes ocorrem em plena celebração da Páscoa cristã, da Páscoa judaica (Pessach), e do mês muçulmano do Ramadã na Cidade Velha de Jerusalém, local compartilhado pelas três religiões monoteístas.