Rússia afirma que controla Mariupol e Ucrânia retira dezenas de civis da cidade
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta quinta-feira (21) que a "liberação de Mariupol é um sucesso" e que as tropas russas pretendem cercar os soldados ucranianos escondidos em Azovstal, uma das maiores usinas metalúrgicas da Europa. Há aproximadamente 2 mil combatentes ucranianos no local, o último reduto ainda sob controle da Ucrânia na cidade, cercada pelos russos logo após o início da guerra, em 24 de fevereiro.
Para o presidente russo, um ataque à usina "custaria muitas vidas", já que o lugar possui várias galerias subterrâneas. "É preciso pensar na saúde dos nossos soldados e oficiais, não devemos penetrar nas catacumbas. A ideia é bloquear toda a área para que nem uma "mosca consiga passar", acrescentou. O ministro russo da Defesa, Sergueï Choïgou, anunciou mais cedo que as tropas russas haviam tomado o controle da cidade.
Centenas de civis, sem água e comida, também estão abrigados em Azovstal. Um conselheiro da presidência ucraniana propôs, na quarta-feira (20) à noite, a organização de uma "sessão especial de negociações para "salvar" combatentes e civis.
Os soldados ucranianos pediram à comunidade internacional "garantias de segurança", para tentar deixar o local. De acordo com a primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchouk, quatro ônibus com civis deixaram o porto de Mariupol nesta manhã.
A Rússia, que lançou vários ultimatos aos combatentes ucranianos, decidiu tomar o porto de Mariupol. De acordo com Moscou, a cidade permite a "junção" entre a Crimeia, anexada em 2014, e as repúblicas separatistas pró-russas do Donbass, no leste do país., onde o conflito se concentra atualmente.
Civis são encontrados com sinais de tortura
Os corpos de nove civis foram encontrados na noite dessa quarta-feira (21) em Borodianka, perto de Kiev. De acordo com a polícia da capital, alguns deles apresentavam sinais de tortura.
"Essas pessoas foram mortas pelos russos e algumas das vítimas apresentavam marcas de tortura", escreveu no Facebook Andriï Nebytov, chefe da polícia local. Borodianka foi, de acordo com Kiev, palco de massacres de civis em março, quando as forças de Moscou ocuparam a cidade.
"Em uma vala, havia dois homens de 35 anos e, ao lado deles, uma adolescente de 15 anos", declarou Nebytov. Segundo ele, a polícia também encontrou em outra fossa os cadáveres de quatro homens e duas mulheres identificadas como "moradores da cidade."
O policial ucraniano acusou os russos de ter executado civis "que não apresentaram nenhuma resistência" e disse que os cadáveres foram levados para vários necrotérios na região de Kiev, onde passarão por autópsias. Ele disse que a polícia ucraniana continuará investigando os crimes cometidos contra civis, que podem servir de provas para o processo da Rússia no TPI (Tribunal Penal Internacional).
Desde a retirada das forças de Moscou da região de Kiev, há três semanas, centenas de corpos de civis foram achados pelas autoridades ucranianas, que denunciam os potenciais "crimes de guerra" dos soldados russos que ocupam a cidade. A Rússia nega a acusação.
Sanchez visita Kiev
Paralelamente, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, e a premiê dinamarquesa, Mette Frederiksen, chegaram na manhã desta quinta-feira (21) em Kiev. Eles devem se encontrar com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, informa o governo espanhol. Na quarta-feira (20), Sanchez declarou que iria reforçar o apoio da União Europeia e da Espanha ao presidente ucraniano "pela paz".
(Com informações da AFP)
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