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Com poucos idosos vacinados, China é prisioneira de estratégia 'zero Covid'

Profissionais usam roupa de proteção durante lockdown para conter covid-19 em Xangai, na China - Aly Song/Reuters
Profissionais usam roupa de proteção durante lockdown para conter covid-19 em Xangai, na China Imagem: Aly Song/Reuters

04/05/2022 16h13

Pequim fechou dezenas de estações de metrô nesta quarta-feira (4) para tentar lutar contra a pandemia de Covid-19. Após Xangai e Shenzhen, agora é a capital chinesa que reforça as medidas restritivas, mesmo se a cidade de 21 milhões de habitantes registra apenas algumas dezenas de novos casos de coronavírus diários. Mas os baixos índices de vacinação, principalmente entre a população mais idosa, obrigam as autoridades a manter regras sanitárias rigorosas.

Cerca de 60 estações de metrô, o equivalente a 18% da rede de Pequim, foram fechadas. Os moradores da cidade, onde 51 novos casos foram registrados nesta quarta-feira, temem que toda a capital seja confinada, como foi o caso de Xangai, coração econômico do país, onde o lockdown está em vigor há mais de um mês.

A nova aceleração das contaminações na China, país que viu nascer a pandemia, mas que também se orgulhava de ter sido o primeiro a "erradicar" o surto, põe em xeque a estratégia "zero Covid" imposta pelas autoridades locais.

Até agora, o governo chinês defendia que o simples fato de administrar testes em massa e isolar totalmente a população, adotando métodos muitas vezes contestáveis no que diz respeito às liberdades individuais, era a solução para combater a pandemia.

Cadeados para que moradores não saiam de casa

Em Xangai, pais chegaram a ser separados de filhos menores em caso de contaminação de um membro da família. Enquanto em Pequim, esta semana, os complexos residenciais onde as contaminações foram identificadas foram fechados com cadeados para que os moradores não pudessem deixar suas casas.

As autoridades haviam informado que as medidas seriam mantidas na capital até quinta-feira (5). Mas o porta-voz do governo municipal, Xu Hejian, disse que as restrições devem ser prolongadas, proibindo, inclusive, a abertura de restaurantes ou academias de ginástica. Os moradores já começaram a estocar comida, temendo um novo confinamento severo.

"A China é prisioneira de sua estratégia 'zero Covid'", comenta em entrevista ao jornal Le Figaro Arnaud Fontanet, epidemiologista no Instituto Pasteur e membro do Conselho Científico, órgão que aconselha o governo francês na luta contra a pandemia.

Segundo o especialista, o país asiático dispõe de metade do número de leitos para cuidados intensivos, se comparado à França. "E levando em consideração a quantidade de idosos e os baixos índices de vacinação, o Estado chinês simplesmente não tem escolha. Se o vírus se propagar, o sistema de saúde poderá ficar saturado rapidamente. O governo tem que reduzir ao máximo a circulação das pessoas para limitar o risco de transmissões", avalia o epidemiologista.

Atualmente, apenas 60% das pessoas com mais de 60 anos estão vacinadas na China.