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Partido de ex-premiê do Japão assassinado vence eleições no Senado

O Partido Liberal-democrata (PLD, direita nacionalista), ao qual pertencia Abe, e seu aliado, o Komeito, reforçaram sua posição conseguindo mais de 75 das 125 cadeiras da Câmara alta - John Thys/AFP
O Partido Liberal-democrata (PLD, direita nacionalista), ao qual pertencia Abe, e seu aliado, o Komeito, reforçaram sua posição conseguindo mais de 75 das 125 cadeiras da Câmara alta Imagem: John Thys/AFP

11/07/2022 06h15Atualizada em 11/07/2022 06h58

O partido no poder no Japão e seus aliados obtiveram uma "super maioria" nas eleições para o Senado, realizadas no domingo (10), apenas dois dias após o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, esteve no país nesta segunda-feira (11) para prestar condolências aos japoneses, que se preparam para o enterro do ex-premiê nesta terça-feira (12).

O Partido Liberal-democrata (PLD, direita nacionalista), ao qual pertencia Abe, e seu aliado, o Komeito, reforçaram sua posição conseguindo mais de 75 das 125 cadeiras da Câmara alta, de acordo com a mídia japonesa. O Senado do Japão conta com 248 cadeiras, renovadas pela metade a cada três anos.

A partir de agora eles contam com uma "super maioria" de dois terços da casa, pronta para modificar a Constituição pacifista do país e reforçar seu papel militar na cena mundial, um antigo objetivo de Abe.

Kenta Izumi, líder do Partido Democrata Constitucional, da oposição, reconheceu a derrota e declarou que estava claro que "os eleitores não quiseram mudar e nos confiar o governo", de acordo com a agência de notícias Kyodo News.

A taxa de participação foi de somente 52%, de acordo com as últimas informações oficiais.

"Eu acho que importante que as eleições tenham sido realizadas normalmente", comentou o primeiro-ministro Fumio Kishida, acrescentando que ele se dedicaria a temas importantes da atualidade como Covid, Ucrânia e inflação.

Na sexta-feira (9), o chefe de governo denunciou o ataque "bárbaro" contra Abe, seu mentor político, insistindo sobre a importância de "defender as eleições livres e justas, que são a base da democracia." "Nós não cederemos jamais à violência", acrescentou.

Visita americana

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que realiza um giro pela Ásia, fez uma breve passagem por Tóquio nesta segunda-feira para apresentar os pêsames ao povo japonês em pessoa.

O escritório de Abe declarou à AFP que o velório será realizado na noite de segunda e o enterro na terça-feira (12), em presença da família e próximos e serão realizados no templo de Zojoji, em Tóquio.

O suspeito de ser o autor do ataque, preso no local, confessou ter visado deliberadamente o ex-primeiro-ministro, explicando à polícia estar furioso com uma organização da qual Abe fazia parte. Veículos de comunicação japoneses indicaram que poderia ser um grupo religioso.

Tetsuya Yamagami, de 41 anos, é ex-membro da Força de autodefesa marítima, a Marinha japonesa, e declarou à polícia ter utilizado uma arma artesanal.

Ele teria declarado aos investigadores que foi a Okayama, a pouco mais de 200 km de Nara, com a intenção de matar o ex-premiê, que participava de um evento no local na quinta-feira (8), mas teria finalmente desistido porque os participantes tinham que comunicar seus nomes e endereços.

Após ter sido suspendida brevemente por vários partidos, a campanha eleitoral foi retomada no sábado (10) com medidas de segurança reforçadas. A polícia de Nara reconheceu falhas na proteção de Abe durante o comício na cidade.

A campanha foi dominada pela alta de preços e os riscos relacionados ao abastecimento elétrico. O Japão enfrenta uma onda de calor desde o fim de junho, que aumenta temores de apagões.

(Com informações da AFP)