Gasoduto na Europa tem quarto vazamento; Rússia e Ocidente trocam acusações
Um quarto vazamento foi detectado nos gasodutos Nord Stream que ligam a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (29), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) denunciou que os vazamentos verificados nos gasodutos 1 e 2 parecem ser resultado de "atos de sabotagem deliberados e irresponsáveis". A Suécia abriu uma investigação por "sabotagem com agravante".
"Há dois vazamentos do lado sueco e dois vazamentos do lado dinamarquês", afirmou à agência AFP uma fonte da Guarda Costeira sueca. O quarto vazamento foi localizado ao nordeste da ilha dinamarquesa de Bornholm, acima do gasoduto Nord Stream 2. Até o momento, as autoridades dos dois países escandinavos haviam mencionado três vazamentos, dois na Dinamarca e um na Suécia.
Nesta quinta-feira, a Otan declarou que "qualquer ataque deliberado" contra a infraestrutura crítica dos países aliados "enfrentaria uma resposta unida e decidida". "Apoiamos as investigações em andamento para determinar a origem dos danos", apontou a aliança militar ocidental em sua nota.
Os vazamentos ocorrem em um momento em que países europeus acusam a Rússia de usar suas enormes reservas de energia como arma para pressionar a Europa, seja cortando as exportações para o bloco, seja provocando uma alta nos preços do gás no mercado internacional.
Ao vender o gás por um preço mais elevado, a Rússia alimenta sua máquina de guerra e atenua a crise econômica interna deflagrada pelas sanções ocidentais contra o país. Mas a Rússia nega a responsabilidade pelas explosões, assim como os Estados Unidos.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta sexta-feira (30) para discutir o assunto.
Rússia fala em "terrorismo internacional"
Ao suspeitar de uma suposta sabotagem dos gasodutos, a Rússia contra-atacou na quarta-feira (28) e acusou os Estados Unidos que, por sua vez, denunciam uma operação de "desinformação".
A Rússia abriu uma investigação sobre o caso por "ato de terrorismo internacional". O governo russo relatou que suspeita "do envolvimento" de um Estado estrangeiro nos incidentes, sem mencionar um país em particular.
"É muito difícil imaginar que um ato terrorista deste tipo possa acontecer sem a participação de um Estado", disse hoje à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ele pediu novamente "uma investigação urgente".
Questionado sobre a possibilidade de realizar uma investigação internacional com a participação de outros países, o porta-voz afirmou que "muitas questões são levantadas", devido à "falta de comunicação e à relutância de muitos países em contatar" a Rússia, em decorrência da ofensiva na Ucrânia.
O serviço de inteligência da Suécia (Säpo) também conduz, desde quarta-feira, uma investigação por ato de "sabotagem com agravante". A agência considera que as explosões submarinas nos dois gasodutos, registradas por detectores sísmicos, podem constituir "um crime grave, que poderia ser parcialmente dirigido contra os interesses suecos". "Não está excluído que uma potência estrangeira esteja envolvida", informou a agência.
Na terça-feira, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, considerou "difícil imaginar que tenha sido acidental", afirmando que os danos foram "atos deliberados". A Noruega, agora o principal fornecedor de gás da Europa, decidiu reforçar a segurança em torno de suas instalações petrolíferas.
A União Europeia advertiu contra qualquer ataque à sua infraestrutura energética, em uma declaração emitida pelo chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell. "Todas as informações disponíveis indicam que os vazamentos são o resultado de um ato deliberado", declarou ele.
"Qualquer ruptura deliberada na infraestrutura energética da Europa é totalmente inaceitável e terá uma resposta vigorosa e unida", acrescentou Borrell, em nome dos 27 estados-membros da UE.
Vazamentos são em águas internacionais
Detectados após duas supostas explosões na segunda-feira (26), os vazamentos acontecem em águas internacionais perto da ilha de Bornholm, mas dentro das zonas econômicas exclusivas dos dois países. A nova abertura foi identificada na terça-feira (27), mas a Guarda Costeira sueca não explicou de maneira imediata o motivo da demora do anúncio.
Os dois vazamentos do lado sueco estão no mesmo setor, a uma distância de uma milha náutica (1,8 km). Já o vazamento no lado dinamarquês está a 2,6 milhas (4,6 km). A fuga de gás provoca bolhas de metros de comprimento na superfície do mar que impossibilitam a inspeção imediata das tubulações, de acordo com as autoridades.
Um navio da Guarda Costeira sueca especializado em descontaminação está na região com um veículo submarino controlado de maneira remota. Embarcações dinamarquesas também foram enviadas ao setor. "De acordo com a tripulação, o fluxo de gás visível na superfície continua sendo constante", afirmaram as autoridades suecas.
Especialistas estimam que pode levar pelo menos três semanas até que seja possível realizar uma operação de vistoria nos equipamentos sem riscos maiores. Quanto ao prazo para consertar as tubulações e a utilização dos gasodutos voltar ao normal, este é contabilizado em anos.
Os dois gasodutos não estavam em operação devido à guerra na Ucrânia, mas estavam repletos de gás por questões técnicas.
(Com informações da AFP)
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