Rússia diz que anexará 4 territórios da Ucrânia amanhã; Ocidente contesta
A Rússia oficializará amanhã a anexação dos territórios que controla na Ucrânia, anunciou hoje o Kremlin, informando também que o presidente russo Vladimir Putin fará um discurso na ocasião.
O anúncio acontece depois de a própria Rússia promover "referendos" de anexação em quatro regiões da Ucrânia controladas parcialmente por Moscou: Donetsk e Lugansk no leste, Kherson e Zaporizhzhia no sul. As áreas representam cerca de 15% do território total da Ucrânia.
O governo de Volodimir Zelenski e países ocidentais, como os Estados Unidos, chamaram as votações de "farsas" e já afirmaram que não reconhecerão a anexação dos territórios.
"Uma cerimônia de assinatura de acordos sobre a entrada de novos territórios na Federação da Rússia acontecerá amanhã (sexta-feira) às 15h00 (9h de Brasília) no Kremlin", afirmou hoje o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Acordos serão assinados "com todos os quatro territórios que realizaram referendos e fizeram pedidos correspondentes ao lado russo", acrescentou.
A Rússia já anexou em 2014 a península da Crimeia (sul), o que também não foi reconhecido pela comunidade internacional.
Referendos são contestados. Segundo apuração divulgada pelo Kremlin, houve "ampla maioria" para a adesão nas quatro áreas: Donetsk 99,23% votaram "sim"; Lugansk teve 98,42%; Kherson foi de 87,05%; e Zaporizhizhia de 93,11%.
No entanto, a votação não é reconhecida por nenhum grande país ou órgão internacional. A própria ONU (Organização das Nações Unidas) manifestou que os referendos não têm "base legal no direito internacional" e foram realizados em "áreas de conflito ativo".
Hoje, o secretário-geral da ONU afirmou que, se a Rússia seguir em frente com seus planos, isso marcará uma "escalada perigosa": "Qualquer decisão de prosseguir com a anexação das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia na Ucrânia não teria valor legal e merece ser condenada", endossou António Guterres a repórteres.
Já a Ucrânia denunciou que os moradores foram obrigados a votar, ameaçados com armamentos pesados, e que o resultado "já estava pronto há tempo".
Os aliados internacionais dos ucranianos também afirmaram que os referendos "não mudam em nada" a situação no campo de batalha.
Até mesmo a China, principal aliada de Moscou no campo internacional, disse que a "soberania territorial" das nações deve ser respeitada.
União dos territórios ucranianos representa uma escalada na ofensiva da Rússia. Várias autoridades e analistas russos afirmaram que, quando estas áreas forem anexadas e consideradas por Moscou como parte de seu território, a Rússia poderá usar armas nucleares para "defendê-las".
Putin declarou na semana passada que a Rússia estava disposta a recorrer a "todos os meios" de seu arsenal para "defender" seu território.
Na semana passada, Putin declarou que não estava blefando ao afirmar que estaria disposto a usar armas nucleares para "proteger" a Rússia. Ele também convocou cerca de 300 mil reservistas do exército para se unirem às tropas na guerra travada contra a Ucrânia, que entrou em seu sétimo mês.
*Com informações da AFP e Reuters
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