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Brasileiros na Itália são privados de salgadinhos enquanto aguardam na fila para votar

votação itália - Reprodução/ Twitter
votação itália Imagem: Reprodução/ Twitter

30/10/2022 13h01

Na Itália, como em outros países pelo mundo, os brasileiros já formavam longas filas em frente aos locais de votação muito antes do início deste segundo turno das eleições brasileiras. Neste domingo (30), na Praça Navona, em Roma, onde fica a Embaixada do Brasil, o clima mudou em relação ao 1° turno, devido ao rígido controle de policiais, à paisana e uniformizados.

Com a presença da polícia, ficou proibida a venda de coxinhas de galinha e de outros salgadinhos típicos brasileiros. Os policiais chegaram a confiscar duas caixas térmicas de vendedores brasileiros. "Eles não queriam devolver [as caixas] e diziam que seríamos multados. A gente teve que prometer que não iria vender mais nada. Depois de tanto explicar, acabaram devolvendo nossas caixas", contou o jovem vendedor Ricardo.

Duas freiras brasileiras olhavam a cena indignadas. "O que a polícia iria fazer com essa comida, jogar fora? Desperdiçar alimentos é pecado. Tanta gente no mundo com fome", comentou a irmã Ana enquanto esperava na fila para poder votar.

A jovem ítalo-brasileira Alessandra Pinna também lamentou: "Poxa, eu acordei contente para vir votar e comer empadinha e cocada. Que pena que eles não podem vender".

Mas a ação da polícia, claro, não é gratuita. Na Itália, a venda de alimentos também deve seguir rigorosas normas sanitárias de higiene e conservação. Além disso, é preciso uma licença para o comércio de produtos alimentícios.

Manifestações proibidas

Um grupo de brasileiros vestidos de vermelho quis erguer uma faixa com a frase "Respeita o povo nordestino ", mas a polícia também logo os impediu. "Não estamos fazendo propaganda eleitoral", argumentou a eleitora Fernanda ao policial. A proibição, no entanto, também não ficou sem explicação: "Na Itália, erguer faixas é considerado uma manifestação. Aqui toda manifestação precisa de autorização".

Em seguida o mesmo grupo abriu uma roda de samba e começou a cantar músicas de Gonzaguinha e Chico Buarque: "Ninguém pode proibir a gente cantar".

Cerca de 50 mil brasileiros residem na Itália, mas apenas 20.972 têm seus títulos eleitorais registrado nos consulados brasileiros do país. Os eleitores se dividem em dois únicos locais de votação, um na cidade de Milão e o outro em Roma. A jurisdição de Roma é responsável pelas 12 regiões do centro e do sul do país e soma 12.983 brasileiros habilitados a votar, enquanto a de Milão cuida das oito regiões do norte que reúnem um total de 7.989 eleitores.

A incógnita é o comparecimento às urnas. No primeiro turno 10.415 brasileiros (49,66%) votaram, ou seja, quase a metade dos eleitores. O comparecimento às urnas em Roma, em especial, foi menor, isto é, 32,26% de eleitores depositaram seus votos, e, em Milão, a presença foi de 77,93%.

Custo do deslocamento

Uma das possíveis causas para o alto índice de abstenção é que os brasileiros que vivem distantes de Milão ou da capital italiana têm que viajar para votar pagando as próprias despesas de deslocamento.

Entre os candidatos, Lula foi o favorito no primeiro turno, obtendo em Milão 50,18% dos votos, e, em Roma, 54,76%. Enquanto Bolsonaro, em Milão, teve 39,88% e, em Roma, 33,44% dos votos.