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Com mais otimismo, governo e oposição da Venezuela voltam a negociar no México

24/11/2022 16h16

Representantes do governo e da oposição da Venezuela retomam nesta sexta-feira (25) o diálogo de negociação que busca um entendimento. Nesta nova etapa, será assinado um acordo bilateral para a liberação de mais de US$ 2,7 bilhões bloqueados pelas sanções internacionais. O encontro ocorre no México e foi anunciado em primeira mão pelo presidente colombiano, Gustavo Petro.

Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil na Venezuela

Na mesa de negociações, estarão Jorge Rodríguez, representando o governo de Nicolás Maduro, Gerardo Blyde, por parte da coligação opositora Plataforma Unitária e mediadores da Noruega. O líder opositor Juan Guaidó não estará presente.

Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e chefe da delegação madurista, informou por comunicado que o acordo "cria um mecanismo prático, destinado a atender as necessidades sociais vitais e problemas de serviço público, baseado na recuperação de recursos legítimos, propriedade do Estado venezuelano, que hoje estão bloqueados no sistema financeiro internacional".

O representante do governo informou que, com a assinatura do acordo, o dinheiro congelado pelas sanções impostas ao governo Maduro cobrirá necessidades sociais nas áreas de saúde, programas de emergência alimentar, reestruturação do serviço de energia elétrica e apoio aos afetados pelas inundações que recentemente atingiram o país.

Prisão de empresário paralisou diálogo

A negociação anterior entre governo e oposição foi interrompida por decisão de Maduro, para pressionar ela libertação do empresário colombiano Alex Saab, preso por autoridades dos Estados Unidos em junho de 2020, em Cabo Verde. Rodríguez também anunciou a participação na mesa da esposa dele, Camila Fabri de Saab.

Alex Saab é um forte aliado do governo de Nicolás Maduro. Ele foi detido quando o avião privado no qual viajava, em direção ao Irã, pousou na ilha africana para abastecer.

Após ficar preso em uma cadeia de segurança máxima na ilha africana, Saab foi extraditado em outubro de 2021 aos Estados Unidos. Ele é acusado pela Justiça norte-americana de conspiração por lavagem de dinheiro, podendo pegar até 20 anos de prisão.

Enquanto Saab estava detido em Cabo Verde, o governo de Nicolás Maduro anunciou que o empresário colombiano, que possui passaporte diplomático venezuelano, estava em missão oficial a Teerã. A esposa dele - de nacionalidade italiana e moradora de Caracas - está sendo investigada pelas autoridades da Itália por lavagem de dinheiro.

Macron, Fernandez e Petro incentivaram retomada do diálogo

O líder opositor Juan Guaidó divulgou através das redes sociais que "lutamos por uma solução que nos permita enfrentar a emergência e resgatar a democracia. Nossos objetivos são claros: conseguir eleições livres que nos permitam recuperar nossa liberdade e resolver a crise humanitária".

A retomada dos diálogos foi incentivada pelos presidentes francês, Emmanuel Macron, argentino, Alberto Fernández, e colombiano, Gustavo Petro durante o Fórum de Paris para a Paz. No encontro, ocorrido em 11 de novembro na capital francesa, também contou com a presença dos representantes do governo e oposição venezuelanos, Jorge Rodríguez e Gerardo Blyde, respectivamente.

Na ocasião, Macron pediu para que as conversas fossem retomadas "o quanto antes". Analistas apontam que há grandes possibilidades de, desta vez, os dois lados cheguem a um acordo. Nicolás Maduro busca sua legitimação internacional e viabilizar um fim às sanções internacionais contra ele e pessoas de sua equipe.

A comunidade internacional vê com bons olhos a mediação. Caso aconteça um acordo entre as partes outrora enfrentadas, a Venezuela poderia voltar a exportar petróleo. Esta flexibilização beneficiaria sobretudo países da Europa, que enfrentam uma crise energética surgida com o conflito entre Rússia e Ucrânia.