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Milhares de israelenses voltam às ruas de Tel Aviv contra reforma do Judiciário

"Democracia! Democracia!" ou "Não vamos desistir!", gritavam os manifestantes no centro de Tel Aviv, em meio a um mar de bandeiras israelenses, na noite deste sábado (25) - JACK GUEZ/AFP
"Democracia! Democracia!" ou "Não vamos desistir!", gritavam os manifestantes no centro de Tel Aviv, em meio a um mar de bandeiras israelenses, na noite deste sábado (25) Imagem: JACK GUEZ/AFP

26/02/2023 05h24

O movimento de protesto contra a reforma da Justiça continua em Israel, com uma nova manifestação na noite deste sábado (25) em Tel Aviv. Milhares de israelenses ocuparam as ruas para defender a "democracia", após a adoção pelo Parlamento em primeira leitura de duas disposições-chave da reforma.

Esta foi a oitava semana consecutiva em que os israelenses se manifestaram contra a polêmica reforma desejada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A primeira disposição aprovada altera o processo de nomeação de juízes, e a segunda visa impedir que o Supremo Tribunal invalide qualquer nova lei fundamental aprovada pelo Parlamento. A introdução de uma cláusula de "anulação" que permite ao Parlamento vetar certas decisões da Suprema Corte por maioria simples é outra disposição contestada do projeto.

"Democracia! Democracia!" ou "Não vamos desistir!", gritavam os manifestantes no centro de Tel Aviv, em meio a um mar de bandeiras israelenses.

"Estamos lutando por nosso país, pela democracia, pela igualdade de direitos", declarou Ronit Peled, de Hod Hasharon, ao norte da metrópole israelense.

"Alguém tem que parar o governo, eles vão controlar nossas vidas. Nós estamos assustados com a ideia de nos tornarmos um país fascista", revelou uma aposentada de 68 anos, que trazia um adesivo sobre seu casaco afirmando "Comprometida com a Constituição".

Extrema direita e ultraortodoxos

O projeto de reforma foi anunciado no início de janeiro pelo governo, formado em dezembro por Netanyahu com partidos de extrema direita e formações judaicas ultraortodoxas.

Na opinião dos opositores, o texto, ao visar reduzir a influência do judiciário em favor do poder político, ameaça o caráter democrático do Estado de Israel.

Mas Benjamin Netanyahu e seu ministro da Justiça, Yariv Levin, consideram necessário restabelecer um equilíbrio de poder entre os eleitos e a Suprema Corte, que o primeiro-ministro e seus aliados consideram politizada.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, apelou esta terça-feira (21) a Israel para suspender sua reforma, preocupado com suas consequências em termos de direitos humanos e independência da Justiça.

Interesses pessoais

As manifestações, que em geral denunciam a política do governo, não parecem no momento influenciar a determinação de Netanyahu e sua maioria.

A oposição, incluindo seu líder centrista Yair Lapid, acusou repetidamente o premiê de querer servir a seus interesses pessoais com esta reforma.

Sendo o próprio Benjamin Netanyahu julgado por corrupção em diversos casos, seus críticos acreditam que, se a reforma for aprovada, ele poderá usá-la para quebrar uma possível sentença que viesse a condená-lo.

(Com informações da AFP)