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Índia tenta ser mediador entre Rússia e Ocidente na cúpula do G20, mas EUA recusam dialogo com Moscou

Um motorista passa por um painel decorado com flores para dar as boas-vindas aos ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova Delhi, Índia - Amiit Dave/Reuters
Um motorista passa por um painel decorado com flores para dar as boas-vindas aos ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova Delhi, Índia Imagem: Amiit Dave/Reuters

Sébastien Farcis

Em Nova Deli (Índia)

01/03/2023 17h28

Os ministros das Relações Exteriores das potências mundiais estão presentes em Nova Délhi para uma reunião de cúpula do G20, que tem como pano do fundo a guerra na Ucrânia e as tensões da Rússia com o Ocidente. O governo indiano tenta se posicionar como mediador, mas os Estados Unidos não parecem dispostos a mudar de posição sobre suas relações com Moscou.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, já avisou que não se encontrará com o chanceler russo, Serguei Lavrov, nesta reunião de dois dias dos ministros das Relações Exteriores do grupo das 20 maiores economias do mundo. Antes de embarcar para Nova Délhi, o representante dos Estados Unidos também disse que não pretende se reunir com o ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, aliado de Moscou.

Segundo o Ministério russo das Relações Exteriores, Lavrov criticará o Ocidente em sua intervenção na cúpula. Para Moscou, os países ocidentais querem "se vingar", pois estão perdendo seus "mecanismos de dominação", conforme nota divulgada por sua chancelaria. "As políticas destrutivas dos Estados Unidos e de seus aliados levaram o mundo à beira do desastre, causaram um retrocesso no desenvolvimento socioeconômico e agravaram a situação dos países mais pobres", acrescenta o texto.

Blinken e Lavrov não estiveram na mesma sala desde a cúpula do G20 de julho passado em Bali. E seu último encontro cara a cara foi em janeiro de 2022, semanas antes da invasão russa da Ucrânia. Desde então, trataram de diferentes temas, mas não da guerra.

Índia se coloca como porta-voz dos países do Sul

A Índia, país que preside este ano o grupo das 20 maiores potências mundiais, tenta fazer um papel de mediador. O anfitrião, que não condenou a guerra, se apresenta como um elemento neutro no conflito e afirma defender a posição dos países do Sul.

O governo indiano pode abordar o conflito pelo prisma dos problemas causado pela guerra para os países em desenvolvimento, em termos econômicos e energéticos. Dessa forma, "teremos mais chances de chegar a um consenso, porque ninguém vai dizer que não nos importamos com esses países", avalia o especialista em relações internacionais Harsh Pant, do l'Observer Reseach Foundation. "Mas nada garante que essa estratégia funcionará desta vez, porque estarão presentes personalidades fortes, como Antony Blinken, Sergei Lavrov e o chanceler chinês, e podem adotar posturas categóricas", pondera o pesquisador.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse acreditar que a Índia usará a reunião para "fazer a Rússia entender que esta guerra deve terminar".

Brasil presidirá o G20 em 2024

O governo brasileiro é representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Após a Índia, o Brasil assumirá a presidência do G20, em 2024.

O ministro brasileiro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desembarcaram na Índia na semana passada, onde participam da 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Governadores de Bancos Centrais dos países do G20, já como parte dos preparativos para a presidência brasileira do grupo.

O G20 é formado por 19 países e pela União Europeia (UE), reúne 85% da economia mundial e dois terços de sua população.

Com informações de AFP