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China faz manobras militares navais e aéreas de "cerco total" a Taiwan

08/04/2023 05h29

A China lançou hoje três dias de exercícios militares visando um "cerco total" a Taiwan. Segundo o porta-voz militar Shi Yi, as manobras representam "uma advertência severa às forças separatistas" que buscam a independência da ilha e forças externas, bem como suas "atividades provocatórias".

Os três dias previstos de exercícios, de 8 a 10 de abril, são uma represália de Pequim ao encontro ocorrido na quarta-feira entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy, em Los Angeles.

"O exercício de hoje se concentra na capacidade de assumir o controle do mar, do espaço aéreo e da informação [...] a fim de criar uma dissuasão e um cerco total" de Taiwan, informou a televisão estatal chinesa CCTV.

Ao meio-dia de sábado (horário local), o Ministério da Defesa de Taiwan declarou que havia detectado oito navios de guerra e 42 caças chineses ao redor da ilha, no Estreito de Taiwan. Vinte e nove aviões cruzaram a linha mediana que separa a China continental de Taiwan, de acordo com o ministério.

O governo chinês informou que fará disparos reais na segunda-feira, nas proximidades da costa de Fujian, província do leste da China que fica em frente à ilha autônoma. O ministro da Defesa de Taiwan declarou que as manobras ameaçam "a estabilidade e a segurança" na região da Ásia-Pacífico.

As manobras no Estreito de Taiwan começaram apenas algumas horas após o fim da visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, à China. O Palácio do Eliseu informou na noite de sexta-feira que a tensão em torno de Taiwan foi abordada no encontro entre Macron e o presidente chinês, Xi Jinping, ocorrido ontem em Cantão. Macron pediu a Xi que ficasse atento para evitar o risco de uma escalada militar na região.

"Expansionismo autoritário"

Os exercícios chineses acontecem em um contexto de tensão com Washington, que apoia o governo de Taipei. Pequim desaprova a aproximação que vem ocorrendo nos últimos anos entre as autoridades taiwanesas e os Estados Unidos, que, apesar da ausência de relações oficiais, fornece à ilha um apoio militar substancial.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica", mas ameaça "usar a força" caso a ilha resista. Já Taiwan, onde se refugiou o antigo governo nacionalista chinês depois de os comunistas tomarem o poder no continente, em 1949, busca manter sua autonomia. Desde esse período, a China seguiu dividida em duas: República Popular da China (a parte continental) e a República da China ou Taiwan (parte insular), que tem uma população de 23 milhões de habitantes.

Taiwan enfrenta o "expansionismo autoritário" da China, denunciou o presidente Tsai Ing-wen. A dirigente disse que continuará "a trabalhar com os Estados Unidos e outros países (...) para defender os valores da liberdade e da democracia".

Os Estados Unidos reconheceram a República Popular da China em 1979 e, em teoria, não deveriam ter nenhum contato oficial com a República da China (Taiwan), sob o "princípio de uma só China" defendido por Pequim.

Com informações da AFP