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Zelensky troca ministro da Defesa após escândalos de corrupção

Roustem Oumerov será o próximo ministro da Defesa ucraniano, anunciou o presidente Volodymyr Zelensky, no domingo (3). Ele substitui Oleksiy Reznikov, que foi demitido em meio a vários escândalos de corrupção.

Ainda em janeiro, havia suspeitas de compra de alimentos para o exército a preços superfaturados. Várias investigações da imprensa ucraniana revelou ainda o fornecimento de equipamento defeituoso aos soldados, incluindo roupas para o verão em pleno inverno. A possível saída do governo de Oleksiy Reznikov começou a ser discutida em fevereiro.

Antes da demissão do ministro da Defesa, o presidente Volodymyr Zelensky havia anunciado em 11 de agosto a exoneração de todos os funcionários regionais responsáveis pelo recrutamento militar para erradicar um sistema de corrupção que permitia aos recrutas evitar o exército.

Tudo isto enfraqueceu a posição de Oleksiy Reznikov, apesar de Zelensky salientar que supervisionou o Ministério da Defesa desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. O presidente ucraniano diz querer mudanças neste ministério que, segundo ele, precisa de novos formatos e de uma nova abordagem tanto para os militares como para a população.

Carreira de Roustem Oumerov

Roustem Umerov, um ex-deputado tártaro da Crimeia, de 41 anos, nasceu na então república soviética do Uzbequistão, onde a sua família se exilou durante o governo de Stalin, e era criança quando foram para a Crimeia, assim que os tártaros foram autorizados a regressar, nas décadas de 1980 e 1990. Ele começou uma carreira profissional no setor de telecomunicações em 2004 e é deputado desde 2019.

No Parlamento, foi co-presidente da Plataforma da Crimeia, que coordenou os esforços diplomáticos internacionais para reverter a anexação da península pela Rússia em 2014. Durante muitos anos foi conselheiro do líder histórico dos tártaros da Crimeia, Mustafa Dzhemilev.

A anexação da Crimeia pela Rússia foi ratificada em um referendo considerado ilegítimo pela Ucrânia e pelos seus aliados ocidentais. Os tártaros, que constituem 12% a 15% da população da Crimeia, boicotaram em grande parte a votação. Como resultado, Moscou proibiu os Mejlis, a assembleia tradicional da minoria muçulmana tártara, rotulando-a de organização extremista e muitos dos seus membros foram presos.

Após a anexação da Crimeia, e depois da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, Roustem Oumerov participou, em diversas ocasiões, em negociações discretas com Moscou, nomeadamente sobre trocas de prisioneiros e retirada de civis.

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Ele integrou a delegação ucraniana nas negociações com os russos, sob a égide da Turquia e da ONU, que permitiram o estabelecimento de um corredor marítimo para o transporte de cereais ucranianos pelo mar Negro. Um acordo do qual a Rússia se desvinculou recentemente.

Em setembro de 2022, Oumerov foi nomeado chefe do Fundo de Propriedade do Estado, um cargo de destaque em um país onde o processo de privatização favoreceu a corrupção. O Parlamento deve aprovar a nomeação do novo ministro da Defesa, uma decisão que o líder do partido político de Zelensky já anunciou apoiar.

Ao indicar seu nome, Zelensky disse que apresentaria a nomeação de OUmerov ao Parlamento esta semana. "O parlamento conhece bem esta pessoa, Umerov não precisa de apresentações adicionais", assegurou o presidente ucraniano.

(com AFP)

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