Como drones 'invisíveis' podem fazer a Ucrânia virar o jogo contra a Rússia
A Ucrânia disse que danificou cinco aviões de combate russos em um ataque com drones de "papelão". As aeronaves não tripuladas usadas são do modelo Corvo Precision Payload Delivery System, ou PPDS, segundo o Business Insider.
Elas estão dando à Ucrânia uma vantagem inesperada no campo de batalha. Feitos pela australiana Sypaq, os drones são descritos pela empresa como um sistema que "pode transportar uma variedade de cargas úteis para atender a diferentes requisitos operacionais."
Invisível aos radares
A grande vantagem do drone é que ele é mais difícil de ser detectado pelos radares russos. O papelão é "transparente ao radar", disse Jamey Jacob, pesquisador de drones da Universidade Estadual de Oklahoma, à revista norte-americana Popular Mechanics. "O radar detectará coisas como motores elétricos, baterias e hélices, mas não o papelão", completou.
Além de serem quase invisíveis aos radares, o baixo custo é outro atrativo do modelo — esse tipo de ataque seria a forma mais econômica de destruir aviões russos. Cada unidade custa entre US$ 670 e US$ 3.350 (R$ 3.290 e R$ 16.500), também segundo a Popular Mechanics.
Ajuda durante a guerra. Em março deste ano, a Sypaq anunciou que havia garantido um contrato de US$ 700.000 (R$ 3,4 milhões) com o governo australiano para produzir seus drones PPDS para a Ucrânia.
Projetados para reconhecimento ou entrega de cargas, e não para transporte de explosivos, não está claro como os drones teriam sido usados como parte do ataque.
Como é o 'drone de papelão'?
Descartável e de baixo custo, o modelo tem até 2,8 m de envergadura e apenas 2,4 kg sem carga, de acordo com informações divulgadas pela Sypaq.
Autonomia pode variar de uma a três horas, enquanto o alcance fica entre 40 e 120 km, dependendo da carga útil. Já a velocidade máxima é de 60 km/h.
A Sypaq também afirma que o drone é entregue em um pacote com cerca de 60 centímetros de comprimento, e pode ser montado na hora — com apenas cola e fita adesiva. Ao todo, são apenas duas peças: uma estrutura de placa leve e uma unidade de hélice, além do sistema aviônico.
No entanto, a estrutura de baixa tecnologia está repleta de um sistema de orientação de nível militar, segundo o Business Insider. A empresa australiana explica que, uma vez iniciado o sistema do drone, ele "não requer mais informações do operador. Ele transitará de forma autônoma até o local alvo e pousará sem assistência".
Embora seja conhecido como "drone de papelão", há informações conflitantes sobre a composição de sua estrutura principal. Michael Partridge, gerente da Sypaq, já disse ao site The Register que o modelo é feito de papelão encerado. No entanto, uma especificação do produto no site da empresa descreve-o como sendo feito de uma placa de espuma leve e dobrável.
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