Europa registra quase um milhão de pessoas dormindo nas ruas, aponta relatório
O aumento da inflação e as consequências econômicas da pandemia de Covid-19 agravaram a crise de moradia na Europa. Um relatório publicado nesta terça-feira (5) aponta que ao menos 896 mil pessoas dormiram nas ruas no continente no ano de 2022. A estimativa foi feita pela Federação Europeia de Organizações Nacionais dedicadas aos Sem-Teto (Feantsa, na sigla em francês).
"Todas as noites na Europa, uma população equivalente à de uma cidade como Marselha ou Turim não tem um lar para onde voltar. Esse fenômeno aumenta na maioria dos países europeus. Até o momento, apenas a Finlândia e a Dinamarca conseguiram reduzir significativamente o número de pessoas sem-teto em seus territórios", afirmou o presidente da federação, Freek Spinnewijn.
Apenas França e Alemanha tinham, cada uma, mais de 200 mil pessoas sem-teto em 2022.
O relatório indica ainda que 19,2 milhões de pessoas vivem em locais superlotados e em condições precárias. Essa estimativa foi feita com base nos dados coletados por 13 países europeus. No entanto, o documento aponta que a desigualdade nos serviços de acolhimento e de informações entre os países indica que a realidade pode ser ainda mais dura.
"Viver em uma moradia precária prejudica seriamente a saúde, aumenta a pobreza e alimenta a exclusão. As moradias precárias têm um custo significativo, principalmente porque geram altas despesas médicas", salienta o relatório.
Conflito na Ucrânia e aumento do custo de vida
Segundo a federação, o conflito na Ucrânia complicou uma situação que já era difícil. O aumento dos preços de alimentação e de energia somados às dificuldades em consequência da pandemia ampliaram o número de pessoas em vulnerabilidade.
As entidades que trabalham no apoio e acolhimento dos sem-teto alertam para a necessidade de recursos e de melhoria nas políticas públicas para apoiar esta população.
Na França, associações têm apontado para mudanças no perfil das pessoas em situação de pobreza extrema ou sem-teto.
A pobreza tem se agravado entre "mulheres solteiras com filhos, estudantes e estrangeiros", explica Pascal Brice, presidente da Fédération des acteurs de la solidarité (FAS). "A situação está se tornando complicada para eles, seja porque foram despejados de suas casas porque o aluguel subiu, seja porque o aumento dos preços da energia e dos alimentos é tão grande que eles não conseguem mais lidar com a situação, seja porque estão em acomodações de emergência enquanto o governo está no processo de fechá-las".
(Com informações da AFP)
Deixe seu comentário