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Macron diz que invasão terrestre na Faixa de Gaza seria um 'erro' para Israel

No Cairo, nesta quarta-feira (25), o presidente francês, Emmanuel Macron, insistiu na equidade do tratamento da França em relação a israelenses e moradores da Faixa de Gaza, pedindo o relançamento do "processo de paz" para criar um Estado palestino. Ele anunciou também o envio de um navio-hospital para Gaza. Na opinião do presidente francês, uma investida massiva terrestre de Israel na região seria um "erro".

Depois de uma escala inicial em Israel na terça-feira (24), onde ofereceu suas condolências de um "país amigo, abalado pelo mais terrível ato de terrorismo de sua história" - o ataque do Hamas em 7 de outubro, que matou 1,4 mil pessoas em Israel -, Macron se dirigiu aos países árabes e à opinião pública ao lado do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi.

"Todas as vidas valem o mesmo, todas as vítimas merecem nossa compaixão, nosso compromisso é com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio", insistiu ele, enquanto o rei Abdullah II, da Jordânia, por exemplo, acusou o Ocidente de julgar que "as vidas palestinas valem menos do que as vidas israelenses".

Operação massiva de Israel na Faixa de Gaza seria um erro (Emmanuel Macron)

Evitar uma 'invasão terrestre'

Os dois líderes se reuniram em Amã pela manhã. Abdullah II falou sobre a "necessidade absoluta" de "parar a guerra em Gaza", porque "sua continuação poderia levar a uma escalada na região".

O presidente Sissi, por sua vez, pediu a Israel que evite uma "invasão terrestre de Gaza", como vem ameaçando fazer há dias, pois isso causaria "um grande número de vítimas civis".

Desde que Israel começou a bombardear a Faixa de Gaza para "liquidar" o Hamas, que a governa, as autoridades locais contabilizaram 6.546 mortes, a maioria de civis, incluindo 2.704 crianças.

Um avião francês carregado com suprimentos médicos também deve aterrissar no Egito na quinta-feira (26) para a população de Gaza, informou Macron, acrescentando que outros "seguirão".

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Desde sábado (21), a ajuda humanitária tem chegado a Gaza através do território egípcio, o único país que tem um ponto de acesso a Gaza que não esteja nas mãos dos israelenses.

Apenas algumas dezenas de caminhões passaram por lá, para desespero da ONU, que pede ajuda maciça para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza privados de tudo.

Enquanto o Cairo participava das negociações para a libertação de mais de 200 reféns sequestrados em Israel pelo Hamas, Macron revelou o novo número de vítimas francesas do ataque do grupo armado: 31 mortos e nove reféns.

Navio-hospital francês em direção a Gaza

Um navio-hospital francês, o "Tonnerre", zarpou nesta quarta-feira para Gaza, onde participará de operações de socorro a civis no território palestino, revelou uma fonte próxima ao assunto, confirmando uma reportagem da BFMTV.

O navio deixou o porto de Toulon (sul da França) por volta das 16h (11h de Brasília), de acordo com a mesma fonte. Na visita ao Cairo, o presidente Emmanuel Macron anunciou no início do dia que um navio da Marinha francesa iria "apoiar os hospitais" em Gaza.

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Solução de dois Estados

Macron, ele próprio envolvido nas consequências dos ataques islâmicos na França, teve o cuidado de mostrar uma política equilibrada na região, com a ambição de desempenhar um papel na tentativa de superar o terremoto causado pelo ataque do Hamas.

Ele quer reativar a "solução de dois Estados", com palestinos e israelenses. Essa pedra fundamental das negociações de paz, que está paralisada há anos, continua sofrendo reveses.

A extensão da colonização israelense na Cisjordânia e a anexação de Jerusalém Oriental tornam impossível a continuidade de um hipotético Estado palestino. E, em 2020, três países árabes normalizaram suas relações com Israel, abandonando a criação de um Estado palestino como condição sine qua non para o reconhecimento da Palestina.

"No momento, é difícil falar sobre a retomada de um processo de paz", admitiu Macron na terça-feira em Ramallah, na Cisjordânia. "Mas é mais necessário do que nunca" impedir que "os grupos terroristas mais radicais" continuem a prosperar, continuou ele.

Coalizão contra o Hamas

No Cairo, ele reiterou seu desejo de "finalmente alcançar a solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança". "Não é porque essa ideia é antiga que se tornou obsoleta", insistiu.

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Macron também pretendia testar com os países da região sua proposta de uma "coalizão" internacional para "lutar" contra o movimento islâmico palestino Hamas.

Entretanto, nenhum dos líderes árabes com quem se reuniu mencionou essa ideia. De acordo com sua comitiva, isso envolveria a criação de uma nova coalizão ou a extensão para a luta contra o Hamas que existe desde 2014 para combater o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque, de que Paris, mas também os países árabes, estão participando.

Por enquanto, os especialistas estão céticos quanto à possibilidade de estender ou replicar a coalizão que tem como alvo o EI. Muitos países árabes não compartilham a posição ocidental em relação ao Hamas. Alguns também são abertamente hostis a Israel.

Situação continua catastrófica em Gaza

A situação humanitária permaneceu crítica nesta quarta-feira na Faixa de Gaza, sitiada e bombardeada incessantemente pelo exército israelense em resposta ao ataque sangrento do Hamas, especialmente nos hospitais sobrecarregados, alguns dos quais já fecharam por falta de eletricidade.

Muitos países estão pedindo uma pausa humanitária no bombardeio implacável de Israel, que prometeu "exterminar" o Hamas palestino após seu ataque sem precedentes em solo israelense em 7 de outubro.

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Na terça-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu um "cessar-fogo humanitário imediato" e condenou as "claras violações do direito humanitário" no território palestino, enfurecendo Israel.

O ataque do Hamas e as represálias do exército israelense na Faixa de Gaza deixaram mais de 1,4 mil pessoas mortas em Israel, de acordo com as autoridades, e mais de 6,5 mil no território palestino, de acordo com o movimento islâmico, a maioria civis de ambos os lados.

(Com informações da AFP)

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