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EUA e UE anunciam criação de corredor marítimo para levar ajuda a Gaza; Hamas diz que não fará concessões para trégua

A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (8) a abertura de um corredor marítimo entre o Chipre e a Faixa de Gaza para levar ajuda humanitária ao território palestino, que vem sendo bombardeado por Israel desde o dia 7 de outubro.

O anúncio foi feito após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar nesta quinta-feira (7) uma grande operação humanitária pelo mar. Segundo as autoridades americanas, ela envolveria a construção de um "embarcadouro temporário" em Gaza para permitir a chegada da ajuda, que pode levar várias semanas.

A medida permitirá um aumento da ajuda em Gaza após uma verificação de segurança que atenda aos padrões israelenses.

De acordo com a ONU, das 2,4 milhões de pessoas no território, 2,2 milhões estão em risco de fome e sem comida e água potável. Cerca de 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas pelos combates e os ataques israelenses destruíram quase totalmente a infraestrutura no enclave.

"Estamos muito perto da abertura deste corredor, espero que neste domingo", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no porto de Larnaca, no sul de Chipre, o país da União Europeia geograficamente mais próximo de Gaza. Israel teria apoiado a iniciativa.

"A situação humanitária em Gaza é terrível. É por isso que a Comissão Europeia, a Alemanha, a Grécia, a Itália, os Países Baixos, o Chipre, os Emirados Árabes Unidos, o Reino Unido e os Estados Unidos anunciam hoje sua intenção de abrir um corredor marítimo para fornecer ajuda humanitária adicional, o que é urgente", segundo um comunicado conjunto dos participantes.

Embora reconheçam que esta operação será "complexa", a UE e os EUA sublinharam sua determinação em trabalhar para "garantir que a ajuda seja prestada da forma mais eficiente possível".

Acompanhada pelos primeiros-ministros grego, Kyriakos Mitsotakis, e belga, Alexander De Croo, Von der Leyen deve viajar em 17 de março para o Egito, que está mediando o conflito e que mantém fechada sua fronteira terrestre com a Faixa de Gaza.

Na sexta-feira, vários países árabes e ocidentais, incluindo os Estados Unidos e a França, realizaram novas remessas aéreas de alimentos e ajuda médica Mas estes lançamentos aéreos, assim como o envio de ajuda por mar, não podem substituir a rota terrestre, segundo a ONU, que alerta para uma "fome generalizada quase inevitável" em Gaza.

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Cinco pessoas morreram e outras 10 ficaram feridas na sexta-feira quando pacotes de ajuda foram lançados por aviões na cidade de Gaza, de acordo com uma fonte hospitalar.

Após cinco meses de guerra, desencadeada em 7 de outubro por um ataque do Hamas a Israel, o país vem bombardeando o enclave diariamente. Nas últimas 24 horas, pelo menos 78 pessoas morreram, elevando para 30.878 o número de mortos em Gaza desde o início do conflito, segundo o Hamas.

Hamas diz que não fará concessões

O Hamas afirmou, nesta sexta-feira (8), que não fará concessões em suas exigências para que Israel retire suas tropas de Gaza em troca da libertação dos reféns capturados no ataque de 7 de outubro.

"Nossa prioridade máxima para conseguir uma troca de prisioneiros é uma cessação total da agressão e uma retirada do inimigo sem condições", declarou, em um vídeo, Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Ezzedine Al Qassam, braço militar do Hamas.

A declaração diminui ainda mais as esperanças de uma nova trégua na guerra entre Israel e Hamas. Os mediadores no conflito - Estados Unidos, Catar e Egito - tentaram esta semana no Cairo alcançar um acordo para uma trégua antes do início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, que começa entre domingo e segunda-feira, segundo o calendário lunar.

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O Hamas também exige a volta para casa de centenas de milhares de civis deslocados pela guerra e a reconstrução do território. Israel, por sua vez, pede que o Hamas forneça uma lista dos reféns capturados no dia 7 de outubro que continuam vivos em Gaza, mas o movimento afirma não estar a par de quem está "vivo ou morto".

A delegação do grupo deixou a capital egípcia na quinta-feira para realizar "consultas" com a direção política no Catar, mas antes de partir, um dirigente afirmou que "as propostas iniciais" de Israel "não atendem às exigências mínimas" do grupo.

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