Com quase 500 mortos, ataques de Israel contra o Líbano são os mais mortais desde início da guerra em Gaza

Os intensos ataques israelenses contra o Hezbollah no Líbano, na segunda-feira (23), deixaram 492 mortos, incluindo 35 crianças, segundo as autoridades do país, que viveu o dia com mais mortes em quase um ano de trocas de tiros entre os dois lados, desde o início da guerra em Gaza. De acordo com o Exército israelense, o Hezbollah voltou a atacar seu território na manhã de terça-feira (24).

Com quase 500 mortos e mais de 1.500 feridos só na segunda-feira, estes são os ataques com maior número de mortos no Líbano desde a guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel.

A força aérea israelense realizou uma quinta onda de ataques nas diferentes regiões libanesas durante a noite de segunda para terça-feira, relata o correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh.

Menos intensos do que os precedentes, eles atingiram, no entanto, cerca de 30 localidades no sul do país e, sobretudo, na planície de Bekaa. Israel afirma ter tido como alvo cerca de 1.600 locais do Hezbollah nas últimas 24 horas. Em muitos casos, armazéns de armas em residências particulares, segundo o porta-voz do Exército que produziu fotos para tentar provar estas alegações.

Israel inverteu o "equilíbrio de poder" no norte, proclamou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que se dirigiu diretamente aos libaneses. "Esta guerra não é contra vocês", disse ele.

Neste contexto, veículos de comunicação israelenses destacam o envio de tropas americanas adicionais para a região, indica o correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. Os americanos tentam dissuadir Israel de lançar uma ofensiva terrestre contra o Líbano, de acordo com a imprensa.

Comandante do Hezbollah alvo de ataque em Beirute

Na noite de segunda-feira, aviões israelenses dispararam seis mísseis contra um prédio nos subúrbios ao sul de Beirute. Fontes israelenses anunciaram que o alvo era o comandante da frente sul do Hezbollah, Ali Karaké, um dos últimos líderes militares da primeira geração ainda vivos que, no entanto, escapou do ataque.

O Hezbollah atirou 250 foguetes e mísseis contra o norte e centro de Israel na segunda-feira e, após permanecer inativo por algumas horas, teria atirado cerca de 50 projeteis contra o território israelense na manhã desta terça-feira, de acordo com as Forças Armadas de Israel.

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O êxodo da população do sul do Líbano e da planície de Bekaa continuou durante toda a noite. Longas filas de carros seguiam em direção a Beirute e outras cidades libanesas.

O governo libanês designou 90 centros de acolhimento para refugiados, principalmente escolas e edifícios da administração pública. A ajuda começa a acontecer com o apoio de equipes de voluntários para cuidar de famílias em dificuldades.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse na segunda-feira que os ataques ao Líbano se intensificariam até que o objetivo de Israel de permitir um regresso seguro dos civis ao norte do país fosse alcançado.

"Perto de uma guerra total"

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, denunciou ao chefe da diplomacia libanesa, Abdallah Bou Habib, os "ataques indiscriminados" contra civis, particularmente após a onda de explosões de equipamentos de comunicação no Líbano.

"Estamos atentos aos desenvolvimentos da situação regional, especialmente às recentes explosões de equipamentos de comunicação no Líbano, e nos opomos firmemente aos ataques indiscriminados contra civis", disse Wang Yi numa reunião bilateral na segunda-feira em Nova York, acrescentando que Pequim "estaria sempre do lado" do Líbano, de acordo com um comunicado de imprensa de seu ministério divulgado na terça-feira.

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"A situação é extremamente preocupante e perigosa. Posso dizer que estamos perto de uma guerra total", disse o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, a jornalistas.

"Se não for uma situação de guerra, não sei como chamar", acrescentou, citando o número crescente de vítimas civis e a intensidade dos ataques militares.

Os esforços para reduzir as tensões continuam, disse o chefe da diplomacia da UE, mas a Europa está preocupada com o fato de os seus receios de um conflito ampliado estarem se concretizando.

Josep Borrell disse que os civis estão pagando um alto preço e que são necessários todos os esforços diplomáticos para evitar uma "guerra total". "Agora é a hora de fazer isso, aqui em Nova York. Todos devem trabalhar para evitar o avanço em direção à guerra", disse ele, às margens da Assembleia Geral da ONU.

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