Tragédia do voo AF 447

Familiares lamentam decisão de deixar 74 corpos de vítimas do voo AF 447 no mar

Do UOL Notícias

Em São Paulo

  • Arte UOL

    Mapa mostra o local da queda do voo AF 447, em 31 de maio de 2009; 228 pessoas morreram

    Mapa mostra o local da queda do voo AF 447, em 31 de maio de 2009; 228 pessoas morreram

Após a notícia de que 74 corpos das 228 vítimas do acidente com o voo 447 da Air France, em 2009, ficarão no mar, os familiares brasileiros aguardam com expectativa a reunião com o BEA, o escritório francês de Investigações e Análises, responsável pela investigação do caso, para dar início ao processo de identificação das vítimas.

“O embaixador francês Philippe Vinogradoff sinalizou que assim que tiver agenda marcará uma reunião entre o BEA e os familiares para falar dos procedimentos para a identificação dos corpos. Mas até agora não recebemos nenhuma informação”, disse Nelson Marinho, presidente da Associação de Vítimas Brasileiras, ao UOL Notícias.

Segundo Marinho, a justificativa dada pelo BEA para não resgatar os 74 corpos foi que eles “estavam muito despedaçados”. Mesmo assim, ele acredita que muitas famílias desejavam enterrar os restos mortais de familiares.

“Para a maioria das famílias era importante finalizar a vida do familiar. Todos precisam disso, de um lugar para chorar, se lembrar daquela pessoa. Agora ficaremos na expectativa de saber quem são as 74 famílias que ficarão sem esse final e quem poderá enterrar seus familiares”, disse Nelson.

Em uma carta enviada aos familiares, o governo francês informou que, no total, 104 corpos "suscetíveis de serem identificados" foram retirados do oceano durante a quinta fase de buscas, encerrada na última sexta-feira (3).

Logo após a catástrofe, em 31 de maio (hora de Brasília) de 2009, 50 corpos que estavam flutuando no mar haviam sido resgatados, sendo 20 deles de brasileiros. No total, portanto, 154 corpos dos 228 que estavam a bordo do avião puderam ser retirados do oceano.

"Todos os corpos que podiam ser resgatados conforme os critérios definidos pela carta dos juízes em 10 de maio e verificados pelas equipes de legistas, o foram", diz a nota enviada às famílias das vítimas.

Em homenagem às vítimas, o mesmo robô utilizado para recuperar os corpos, situados a 3,9 mil metros de profundidade, depositou no fundo do oceano, na área dos destroços, uma placa com a inscrição "em memória às vítimas do acidente com o voo AF 447", escrita em português, francês e inglês.

O navio Ile de Sein deixou o local do acidente, a cerca de 1,1 mil quilômetros da costa brasileira, na sexta-feira passada, um dia antes do previsto. Agora, ele segue para Las Palmas, na Espanha, e deverá atracar no porto do Bayonne, no sudoeste da França, em meados de junho, segundo informações obtidas pela "BBC Brasil".

Os corpos serão transferidos para um instituto médico legal na França, em uma cidade ainda não identificada, para a identificação que será feita pelos peritos do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar francesa (IRCGN, na sigla em francês).

O instituto, que já atuou em 38 grandes catástrofes, dispõe até o momento do DNA dos parentes das vítimas europeias. Com relação ao material genético dos brasileiros, a transferência para a França será realizada pela Interpol, que preferiu não comentar à "BBC Brasil" se já teria efetuado essa solicitação às autoridades brasileiras.

Segundo os familiares brasileiros, nenhuma comunicação ou pedido para colher o DNA dos parentes foi solicitado pelo governo francês. “Esperamos que isso aconteça nessa reunião com o BEA”, disse Marinho.

A fase de identificação será um novo drama para os familiares. “É mais um capítulo, mais um momento de tristeza, de reviver aquela dor”, disse ele.

Um relatório intermediário sobre as causas do acidente deverá ser divulgado no final de julho, mas o relatório definitivo, com as conclusões sobre o acidente, deve sair no início de 2012.

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