Tragédia do voo AF 447

Familiares não esperam "fatos novos" em novo relatório sobre acidente com voo 447

Andréia Martins
Do UOL Notícias

Em São Paulo

O Escritório de Investigações e Análise (BEA, na sigla em francês), órgão oficial francês encarregado das investigações do acidente com o voo 447 da Air France, divulgará nesta sexta-feira um novo relatório com o que chama de “circunstâncias exatas” do acidente que matou mais de 200 pessoas em junho de 2009. No entanto, os familiares das vítimas brasileiras dizem não esperar novas revelações ou algo que possa mudar o rumo das investigações.

“Na conversa com outros familiares, posso dizer que não temos expectativa quanto a novas revelações sobre o acidente. Isso faz parte da política de conta-gotas do BEA. Eles já têm muitas informações desde maio, mas preferem divulgar aos poucos”, disse ao UOL Notícias Marteen van Sluys, da Associação dos Familiares das Vítimas do voo 447 no Brasil.

Na última segunda-feira (25), o BEA indicou em um comunicado que o novo relatório trará "as circunstâncias exatas do acidente com os primeiros pontos de análise e novos fatos estabelecidos a partir da exploração dos dados das caixas-pretas", mas sem detalhar quais seriam os novos elementos obtidos graças à decodificação das informações das caixas-pretas, que foram recuperadas do fundo do mar no início de maio.

Aos familiares, segundo Sluys, também não foi feito nenhum adiantamento do que seriam esses “novos fatos”. Antes da divulgação para a imprensa, que será feita em Paris, o relatório será enviado a todos os familiares e associações.

“Por todo o histórico, achamos que eles não têm compromisso com a verdade. Para nós, a pergunta que deve ser feita não é com relação ao que aconteceu depois da falha, e sim o que foi feito para impedir o congelamento”, questiona Sluys.

O primeiro relatório detalhando o acidente, divulgado em maio, apontava uma falha nas sondas Pitot, que medem a velocidade e são fabricadas pela empresa francesa Thales, mas não foi possível estabelecer se isso poderia ser a causa do acidente.

Com a recuperação dos primeiros dados das caixas-pretas, foi revelado ainda que um problema técnico privou os pilotos de dados válidos sobre o voo com os quais seria possível evitar que a aeronave caísse no mar após três minutos e meio de queda livre.

Os especialistas indicaram que houve uma divergência nos leitores de velocidade que fez com que o piloto automático desligasse e forçou os pilotos a tomar decisões sem ter à sua disposição informações corretas sobre a performance do avião.

No total, 154 corpos dos 228 que estavam a bordo do avião que fazia a rota Rio-Paris foram resgatados. Os primeiros 50, sendo 20 deles de brasileiros, foram retirados do mar logo após a catástrofe, em 31 de maio de 2009. Em outubro deste ano devem ser divulgados os primeiros resultados das identificações dos corpos resgatados. O relatório final do acidente está previsto para ser divulgado no início de 2012.

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