Tragédia do voo AF 447

Associação de parentes das vítimas do voo 447 diz que relatório é "inconclusivo e tendencioso"

Rafael Carneiro da Cunha
Do UOL Notícias
Em São Paulo

A Associação dos Familiares da Vítimas do voo Air France 447 classificou como "inconclusivo e tendencioso" o relatório divulgado nesta sexta-feira (29) no site do Escritório de Investigações e Análise (BEA), órgão francês que investiga o acidente com a aeronave que caiu em 2009, quando fazia o trajeto Rio de Janeiro-Paris.

Segundo Maarten van Sluys, diretor-geral da associação, o relatório não informa o que aconteceu quando o piloto, que estava descansando, voltou à cabine e ali permaneceu por dois minutos antes da queda do avião. 

“O que ele ordenou aos copilotos? Nós queremos as informações na íntegra”, afirmou.

Além disso, Sluys também reclama que as informações sobre o congelamento das sondas pitot (sensores de velocidade) estão incompletas. 

“A aeronave possuía três sondas, mas no documento somente duas são retratadas. Nós temos conhecimento de que essa terceira estava diferente das outras duas”, disse. A companhia francesa afirmou que a caixa-preta não registrou o que aconteceu com a terceira sonda. 

No entanto, Sluys vê um ponto positivo no relatório, que é o de relatar com detalhes o que ocorreu nos últimos quatro minutos de voo.

O relatório

O BEA afirma que identificou uma série de erros dos pilotos que causaram o acidente com o voo AF447 da Air France. O novo relatório, segundo o BEA, traz “circunstâncias exatas” do acidente que foi possível após a recuperação dos dados das caixas-pretas do Airbus A330 da Air France, recuperadas do mar.

O terceiro relatório  sobre as investigações técnicas da tragédia revela que os pilotos não adotaram o procedimento adequado após os primeiros problemas detectados durante o voo: perda de indicadores de velocidade - falha para a qual eles não foram treinados para lidar - e perda de sustentação da aeronave.

"Os pilotos não identificaram a situação de perda de sustentação", apesar do alarme sonoro que se ativou durante 54 segundos, traz o relatório.

O documento diz ainda que eles não aplicaram o procedimento necessário após o congelamento das sondas pitot, o que provocou a perda dos indicadores de velocidade.

O BEA informou que os comandantes da aeronave "não receberam treinamento sobre os procedimentos adequados a serem tomados em grandes altitudes".

O piloto que comandava a aeronave efetuou uma manobra manual no momento, uma vez que o piloto automático foi desativado após a perda dos indicadores de velocidade.

O relatório afirma que o comandante da aeronave foi descansar às 2h da madrugada sem deixar "claras recomendações" aos dois copilotos que ficaram no controle do airbus. Ele voltou à cabine às 2h11 e a gravação é interrompida às 2h14.

Foi divulgado também que a tripulação não avisou os passageiros dos problemas que enfrentava na cabine.

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