Antes da agressão, Moraes pôs o pé no negacionismo bolsonarista
O Supremo Tribunal Federal, como se sabe, é o cume da Justiça brasileira. Seus ministros acham que estão sentados à direita de Deus. Mas a viagem de Alexandre de Moraes à Itália foi organizada sob a influência do capiroto. A toga mais poderosa do Brasil atravessou o Atlântico para se encontrar com cascas de banana que o diabo colocou no seu itinerário.
Antes de ser agredido por bolsonaristas no aeroporto de Roma, Moraes fez escala na aprazível cidade italiana de Siena. Ali, colocou um pé no negacionismo de Bolsonaro. Participou de seminário de nome judicioso —Fórum Internacional de Direito—, tisnado por patrocínio duvidoso.
Uma das empresas organizadoras do encontro, a Unialfa, integra um grupo condenado a pagar multa de R$ 55 milhões pela Justiça Federal brasileira por veicular em plena pandemia manifesto que vendia como remédio eficaz contra a Covid o vermífugo ivermectina. O medicamento compunha, ao lado da cloroquina e outros curandeirismos, o kit-Covid propagandeado por Bolsonaro.
Nesse contexto, a presença de Moraes no fórum italiano é preocupante, assombrosa e desrespeitosa. Preocupa porque esperava-se de um membro da Corte que guerreou contra bolsonarices durante a pandemia mais coerência.
Assombra porque revela um desprezo hediondo de uma toga suprema pela decisão judicial que tisnou um patrono do evento. Desrespeita porque Moraes, procurado, absteve-se de comentar. O ministro adora cobrar transparência dos outros. Emboscado pelo demônio, optou pela opacidade.
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