Eleitor argentino chuta o balde e ensaia guinada para ultradireita
A ruína econômica leva um pedaço do eleitorado da Argentina a enxergar o seu país como um local ideal no mapa para o surgimento de algo radicalmente diferente. Caos não falta. Primeiro colocado nas eleições primárias para a escolha dos presidenciáveis que irão às urnas em outubro, Javier Milei é um deputado de extrema direita, admirador de Bolsonaro e Donald Trump.
A ira dos argentinos é compreensível. Num país em que a inflação roda na casa dos 115% e a pobreza infelicita 40% da população, prestigiar o candidato oficial do governo, o ministro da Economia Sergio Massa, seria um contrassenso. Terceiro colocado nas Primárias, o preferido do presidente Alberto Fernández e do vizinho Lula pode cair no primeiro turno. Nessa hipótese, o bolsotrumpista Javier Milei disputaria a rodada final, em novembro, com Patricia Bullrich, uma ex-ministra da Segurança conservadora, de linha-dura.
Embora seja coerente, o ódio que empurra parte do eleitorado da Argentina para a ultradireita não é bom conselheiro. Se olharem para o Brasil e os Estados Unidos, os argentinos perceberão que, quando a maioria do eleitorado opta por chutar o balde, o presidente é escolhido por um sentimento de rejeição, não de preferência.
O resultado é feio de se ver: uma mistura de populismo com golpismo, de agressividade com mentira. O ultradireitista Javier Milei defende o fechamento do Banco Central e a adoção do dólar como moeda oficial dos argentinos. Quer tirar a Argentina do Mercosul. A escassez de alternativas pode levar a Argentina a confundir um certo deputado com um presidenciável certo. Foi o que ocorreu no Brasil de 2018. Deu no que está dando.
Deixe seu comentário