Contra CPI, Heleno pode usar sua própria receita: Lexotan na veia
Ao buscar refúgio no Supremo contra a CPI do Golpe, Augusto Heleno tornou-se um personagem constrangedor. No mínimo, virou um ex-corajoso. No máximo, deixou aflorar uma insuspeitada covardia.
Submetido ao caráter lotérico do Judiciário, o general bolsonarista caiu nas mãos de Cristiano Zanin. O indicado de Lula indeferiu o pedido de Heleno para se ausentar da CPI. Assegurou-lhe, porém, o direito ao silêncio.
É pequeno o apreço do general pelo Judiciário e pelo Legislativo. Em dezembro de 2021, falando para agentes da Abin, Heleno disse que "dois ou três ministros do STF" tramavam "esticar a corda até arrebentar." Revelou que injetava "Lexotan na veia" duas vezes por dia "para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica."
Em 2019, Heleno defendia que Bolsonaro governasse em conexão direta com as ruas. Em 2020, a voz do general foi captada numa transmissão ao vivo reclamando da fome dos parlamentares por emendas: "Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se!"
Em 2021 e 2022, Heleno associou-se aos planos golpistas de Bolsonaro. Agora, acossado pela delação do companheiro de armas Mauro Cid, resta ao ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro recorrer ao próprio remédio. Para evitar barracos na CPI, "Lexotan na veia."
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