Aeronáutica favorece o crime ao ocultar dados sobre voos ilegais
A lógica tecnocrática às vezes ruge como lógica, mas é pura tolice. Em sintonia com a tecnocracia, sistema organizacional baseado na supremacia dos técnicos, a Força Aérea Brasileira coleciona num banco de dados as informações que recolhe sobre voos ilegais na Amazônia. Mas flerta com o absurdo ao negar o compartilhamento dos seus achados com órgãos com a Polícia Federal e o Ministério Público, que combatem na região o tráfico de drogas, o desmatamento e o garimpo ilegal.
A Aeronáutica alega que armazena os dados para "uso interno". Utiliza-os em "atividades de inteligência e ações de policiamento do espaço aéreo". Sustenta que a divulgação colocaria em risco a "segurança nacional".
A julgar pela proliferação do crime nas fronteiras, na floresta e nos territórios indígenas, o manuseio "interno" dos dados não tornou a FAB eficaz na contenção dos voos ilegais. O compartilhamento dos segredos de inteligência está previsto em lei.
Unidos, os órgãos repressores do Estado teriam dificuldade para resguardar a "segurança nacional". Desunidos, favorecem a insegurança e prestigiam a criminalidade.
O esconde-esconde da Aeronáutica mostra que a inteligência militar é mesmo top secret. Ao tratar os sobrevoos de criminosos na Amazônia como informações ultrassecretas, a FAB estimula o brasileiro a admitir que a inteligência em certas repartições é quase tão vasta quanto a tolice.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.