Josias de Souza

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Opinião

Aeronáutica favorece o crime ao ocultar dados sobre voos ilegais

A lógica tecnocrática às vezes ruge como lógica, mas é pura tolice. Em sintonia com a tecnocracia, sistema organizacional baseado na supremacia dos técnicos, a Força Aérea Brasileira coleciona num banco de dados as informações que recolhe sobre voos ilegais na Amazônia. Mas flerta com o absurdo ao negar o compartilhamento dos seus achados com órgãos com a Polícia Federal e o Ministério Público, que combatem na região o tráfico de drogas, o desmatamento e o garimpo ilegal.

A Aeronáutica alega que armazena os dados para "uso interno". Utiliza-os em "atividades de inteligência e ações de policiamento do espaço aéreo". Sustenta que a divulgação colocaria em risco a "segurança nacional".

A julgar pela proliferação do crime nas fronteiras, na floresta e nos territórios indígenas, o manuseio "interno" dos dados não tornou a FAB eficaz na contenção dos voos ilegais. O compartilhamento dos segredos de inteligência está previsto em lei.

Unidos, os órgãos repressores do Estado teriam dificuldade para resguardar a "segurança nacional". Desunidos, favorecem a insegurança e prestigiam a criminalidade.

O esconde-esconde da Aeronáutica mostra que a inteligência militar é mesmo top secret. Ao tratar os sobrevoos de criminosos na Amazônia como informações ultrassecretas, a FAB estimula o brasileiro a admitir que a inteligência em certas repartições é quase tão vasta quanto a tolice.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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