Imaginando-se portador de um destino, Moro virou fatalidade
Ao depor no âmbito da ação que pede a sua cassação, Sergio Moro fez parecer que havia no processo muita corda e nenhuma forca. "É perseguição política", disse ele. Uma semana depois, o Ministério Público enrolou a corda no seu pescoço. Além da perda do assento de senador, pediu a decretação da inelegibilidade de Moro por oito anos. No final de janeiro, o juiz que cuida do caso deve levar seu voto ao plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. O nome do magistrado é asfixiante: Luciano Carrasco.
Acatando acusações feitas por PT e PL, o Ministério Público sustenta que houve abuso do poder econômico na campanha de Moro. Ele levou vantagem indevida sobre os adversários, pois, antes de disputar a vaga no Senado, bateu bumbo numa pré-campanha ao Planalto. Seu nome foi à vitrine prematuramente. A exposição torrou antes da hora verbas eleitorais que não estavam disponíveis para os rivais.
No Paraná, o teto de gastos na campanha para o Senado foi fixado em R$ 4,4 milhões. Pelas contas do MP, Moro gastou apenas na pré-campanha R$ 2 milhões. Sua campanha de senador custou mais R$ 5,1 milhões. Ao justificar o pedido de cassação de Moro, a Procuradoria Eleitoral cita o precedente de Selma Arruda. Ex-juíza de Mato Grosso, era chamada de "Moro de saia". Teve o mandato de senadora cassado por conta dos gastos que realizou numa pré-campanha extemporânea.
Como juiz da Lava Jato, Moro imaginava-se portador de um destino sempre que enviava poderosos para a cadeia. Como senador, começa a perceber que seu futuro virou uma fatalidade. Os inimigos estão no Poder. Os aliados o chamam de traidor. Todos cobiçam a sua vaga. À espera da abertura do alçapão do cadafalso, Moro repete o que 11 em cada dez dos seus sentenciados diziam: "É perseguição política".
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